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2021/13/07
Risco País e Estudos Económicos

Teletrabalho: Os Riscos e Oportunidades da Externalização Virtual

Teletrabalho: Os Riscos e Oportunidades da Externalização Virtual

O teletrabalho surgiu como uma nova norma durante a pandemia Covid-19. À medida que nos afastamos da crise, esta mudança cultural poderia permitir às empresas localizadas em países desenvolvidos contratar talentos a trabalharem em teletrabalho em países emergentes, para reduzir os seus custos laborais. A Coface estima que o número total de postos de teletrabalho em economias de elevado rendimento é de cerca de 160 milhões, enquanto o número de potenciais trabalhadores em teletrabalho em economias de baixo e médio rendimento é de cerca de 330 milhões. A Coface estima também que as empresas francesas poupariam 7% nos custos de mão de obra, mesmo que apenas um em cada quatro postos de teletrabalho fosse externalizado.

 

Para as economias emergentes, esta potencial realocação virtual poderia tornar-se um pilar de desenvolvimento. Para identificar os prováveis vencedores desta tendência, a Coface construiu um indicador baseado em quatro critérios essenciais: capital humano, competitividade do custo da mão de obra, infraestrutura digital e ambiente empresarial. O Sudeste Asiático destaca-se como uma região com elevado potencial, nomeadamente a Índia e a Indonésia; assim como outros grandes países emergentes como o Brasil e a Polónia.

 

No entanto, o externalização virtual poderia criar ansiedade económica entre trabalhadores de economias maduras e tornar-se uma fonte de risco político.

 

 

A tentação da externalização virtual

 

Durante as últimas décadas, a externalização da atividade industrial e o aumento das cadeias de abastecimento globais têm sido um dos principais motores do crescimento da produtividade. No entanto, no decorrer dos anos, estes ganhos de produtividade e eficiência têm vindo a diminuir.

 

Para continuar a aumentar a competitividade e a reduzir os custos, as empresas podem ser tentadas a realocar outros serviços e atividades intensivas e de conhecimento para países com menores custos de mão de obra,como foi o caso no passado com serviços de Tecnologias de Informação (TI) e centrais de atendimento (call centres). A Coface estima que as empresas francesas economizariam 7% nas despesas de mão de obra, mesmo que apenas um em cada quatro postos de teletrabalho fossem externalizados.

 

Com a pandemia Covid-19, na Europa, quase 40% da força de trabalho comprometeu-se a trabalhar regularmente à distância durante o primeiro confinamento, no segundo trimestre de 2020.Favoravelmente surpreendidas com a produtividade dos seus trabalhadores, as empresas são cada vez mais atraídas pela ideia de uma força de trabalho virtual parcialmente globalizada.Nos Estados Unidos da América, a percentagem de empresas dispostas a contratar trabalhadores em teletrabalho a tempo inteiro localizados no estrangeiro, aumentou para 36%, contra 12% antes da pandemia.

 

Quantos empregos são possíveis em teletrabalho?Quantos podem ser externalizados?

 

Quanto mais uma economia se baseia em atividades de serviços intensivos e de conhecimento, mais a sua força de trabalho pode trabalhar remotamente. Num inquérito aos trabalhadores americanos realizado em Outubro de 2020,62% dos inquiridos com formação universitária disseram que o seu trabalho podia ser feito à distância.De acordo com a Organização Internacional do Trabalho,apenas 13% dos empregos nos países emergentes são por teletrabalho, contra 27% nos países ricos.

 

No entanto, isto não significa que todos os empregos possam ser virtualmente externalizados. Muitas tarefas requerem presença parcial no local, contacto pessoal com os clientes ou uma boa compreensão da cultura local.

 

Para os países ricos,a exteralização virtual poderia tornar-se uma fonte de risco político, da mesma forma que a desindustrialização contribuiu para o populismo. As pressões da concorrência global podem provocar ansiedade económica entre trabalhadores altamente instruídos, alimentando a polarização política.

 

Finalmente, alguns países emergentes estão melhor posicionados do que outros para atrair investimentos de externalização virtual. Para identificar os prováveis vencedores desta tendência, a Coface construiu um indicador baseado em quatro critérios essenciais: capital humano, competitividade do custo da mão de obra, infraestrutura digital e ambiente  empresarial. Países como a Índia, a Indonésia ou o Brasil têm um grande número de potenciais trabalhadores e despesas de mão de obra muito baixos. Outros, como a Polónia, oferecem um excelente ambiente empresarial e uma infraestrutura digital robusta. Enquanto a China e a Rússia seriam, em teoria, destinos virtuais ideais para a externalização,as crescentes tensões geopolíticas e as questões de cibersegurança para com o Ocidente serão um obstáculo significativo.

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