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2020/10/02
Risco País e Estudos Económicos

Riscos políticos e ambientais são as principais ameaças para as empresas em 2020

Riscos políticos e ambientais são as principais ameaças para as empresas em 2020

Por ocasião do lançamento da nova edição do Livro de Risco País e Risco Sectorial para 2020, o Economista-Chefe da Coface, Julien Marcilly, apresentou as principais ameaças para a economia global em 2020 na Conferência sobre Risco País da Coface, em Paris.

 

O Acordo comercial entre a China e os Estados Unidos não será suficiente para reavivar o comércio internacional

 

Com o ano 2019 a ser marcado pelo aumento da retórica protecionista (mais de 1.000 medidas foram implementadas em todo o mundo) e pela primeira quebra no comércio global em dez anos, a Coface antecipa que o comércio internacional irá crescer apenas 0,8% em 2020. É pouco provável que a trégua no acordo comercial entre osEstados Unidose aChinavá restituir a confiança das empresas ou impulsionar significativamente a indústria e o comércio mundial, especialmente quando apenas 23% das medidas protecionistas realizadas entre 2017 e 2019 afetam os Estados Unidos e a China. O aumento do protecionismo é, portanto, uma tendência global e duradoura à qual as empresas terão de adaptar-se.

 

O crescimento global, que já diminuiu cerca de 0,75 pontos no ano passado, devido a estas incertezas comerciais, não é provável que recupere este ano: 2,4% após 2,5% em 2019. A Coface espera que as insolvências das empresas aumentem em cerca de 80%, nos países sobre os quais foram emitidas previsões este ano, incluindo osEstados Unidos(+3% em 2020), oReino Unido(+3% em 2020, após um aumento cumulativo de 17% desde o referendo de Junho de 2016), aAlemanha(+2%) e aFrança(+1%). Globalmente, a Coface antecipa um aumento de 2% nas insolvências em todo o mundo, em linha com 2019.

Sectores: o metalúrgico em dificuldades, a construção com um bom desempenho

 

As incertezas relacionadas com o ambiente protecionista também contribuem para a volatilidade dos preços das matérias-primas, em particular as destinadas à agricultura, metais e petróleo. De acordo com os modelos de previsão da Coface, os preços do aço vão continuar em queda ao longo dos próximos seis meses, penalizando as empresas do sector, especialmente quando se espera que o crescimento naChina– que totaliza metade da procura global de aço – alcance apenas os 5,8% este ano. Por esta razão, a avaliação do risco do sector metalúrgico foi agravada em 5 países, incluindo osEstados UnidoseItália. Além disso, o constante nível baixo dos preços do petróleo, apesar das incertezas geopolíticas (60 USD por barril de Brent em média em 2020, após uma média de 64 USD em 2019) irá prejudicar alguns produtores endividados, especialmente nos Estados Unidos.

 

Pelo lado positivo, o sector daconstruçãoestá a beneficiar com políticas monetárias altamente expansionistas: a sua avaliação foi melhorada em 4 países (incluindo oBrasile aTurquia). No total, este trimestre a Coface agravou a avaliação de 22 sectores e melhorou a avaliação de 8 sectores, refletindo o aumento significativo nos riscos para a economia.

Em 2020, as empresas vão enfrentar, principalmente, riscos não económicos

 

No final de 2019 assistimos a um aumento das tensões sociais com “focos de conflito” em todos o mundo, com diferentes níveis de intensidade. Esta tendência real foi fortemente antecipada pelo Índice de Risco Político da Coface, publicado no início do ano 2019, tendo atingido um máximo histórico. Em 2020, este indicador prevê um elevado nível de risco social em diversos países em África, no Médio Oriente, na Ásia Central e até na Rússia.

Desde 2019, o descontentamento social também se manifestou num aumento de exigências para a proteção ambiental. Os riscos ambientais têm um efeito de largo espectro no crédito das empresas: maior frequência de riscos físicos (desastres naturais decorrentes das alterações climáticas), mas também riscos de transição (regulações novas e mais restritivas, alterações nos critérios dos consumidores). Por último, os efeitos dos regulamentos antipoluição mais rigorosos para o sector automóvel na Índia ou no transporte marítimo global, devem ser monitorizados este ano. A Coface presta muita atenção à análise destas duas categorias de risco ambiental.

 

Economias emergentes: o risco soberano está de novo em destaque

 

O crescimento nas economias emergentes deve acelerar ligeiramente este ano (3,9% face a 3,5% em 2019). Contudo, a dívida pública alcançou um máximo histórico para estes países e está a aumentar em todas as regiões, exceto na Europa Central e de Leste. Na América Latina, o nível de endividamento é mais elevado do que no final dos anos 90, que foi um período marcado por crises recorrentes de dívida. Em África, a dívida pública está próxima do nível observado há cerca de quinze anos atrás: um período de remissão de dívida pelos doadores internacionais e bilaterais. Para as empresas desta região, isto significa que os atrasos do governo e das empresas detidas pelo estado (State-Owned Enterprises – SOE) irão provavelmente aumentar este ano. A única boa notícia é que a estrutura da dívida soberana dos países emergentes é, na generalidade, mais favorável do que há vinte anos atrás, uma vez que atualmente cerca de 80% da dívida é agora denominada na moeda local.

 

Neste ambiente delicado e volátil, onde as economias enfrentam adversidades, 4 avaliações de risco país foram agravadas (Colômbia, Chile, Burkina Faso e Guiné), enquanto 6 foram melhoradas (Turquia, Senegal, Madagáscar, Nepal, Maldivas e Paraguai).

 

Consulte o Barómetro 2020 da Coface aqui:  
(https://www.coface.com/News-Publications/Publications/Country-Sector-Risk-Barometer-Q4-2019-Quarterly-Update)

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