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2016/12/04
Risco País e Estudos Económicos

República Checa, Polónia, Chile e Tailândia perto de uma rápida recuperação nas exportações

República Checa, Polónia, Chile e Tailândia perto de uma rápida recuperação nas exportações

 

 

  • Dos 34 países emergentes analisados, apenas 4 são capazes de recuperar no curto prazo.
  • Critério: competitividade de preços, endividamento, risco político.
  • China, Arábia Saudita, Egipto e Equador apresentam um risco elevado

 

Apesar da actual crise nos países emergentes estar a surpreender pela sua intensidade, com um corte no crescimento para metade, em cinco anos, e uma crescente exposição ao risco e à dívida, não se trata de um fenómeno isolado. Crises idênticas, observadas nos anos 90 do século passado, terminaram com uma repentina reviravolta na actividade económica, apesar de saídas massivas de capital e a ausência de recuperação do crédito bancário. Em média, estas economias emergentes atingem o seu nível máximo de produção em dois ou três anos, mesmo que o seu o crescimento permaneça baixo no longo prazo.

 

Actualmente, qual destes países podem oferecer às suas empresas uma rápida recuperação? Entre a amostra de 33 países analisados pela Coface, apenas quatro possuem os três critérios essenciais: ganhos na competitividade de preços retomada através da desvalorização da moeda desde 2013, a capacidade de contracção de empréstimos e um risco político moderado. São eles a República Checa, a Polónia, o Chile e a Tailândia.

 

Critério 1: Ganhos com a Competitividade dos Preços

 

No curto prazo, o caminho mais eficiente para aumentar a competitividade é a desvalorização da taxa de câmbio real efectiva (isto é, em relação a todas as moedas de todos os países entre os quais são feitos câmbios, não limitados ao dólar), que primeiramente beneficia as exportações do sector industrial e certos serviços. Entre os 40 países que irão beneficiar mais das tendências recentes do mercado cambial, duas categorias podem ser identificadas: os exportadores de produtos industriais, cuja moeda desvalorizou moderadamente desde 2013 (República Checa, Polónia, Bulgária, Hungria, Malásia, Tailândia e Turquia) e os exportadores de bens cuja moeda perdeu a grande parte do seu valor (Brasil, México, Chile, Colômbia, Cazaquistão, África do Sul, Rússia).

 

As moedas dos principais prejudicados – Vietname, China, Equador, Egipto e até a Arábia Saudita – valorizaram em termos efectivos, como terceira moeda ou com um sistema de taxa de câmbio fixa ou inflexível contra o uso do dólar.

 

Critério 2: Nível de Dívida das Empresas

 

Para que os ganhos da competitividade dos preços se traduzam em mais investimento por parte das empresas, o nível inicial de dívida não pode ser excessivo. Contudo, este nível de dívida aumentou após as políticas monetárias expansionistas pós-Lehman, facilitando as condições de empréstimo e um rápido desenvolvimento nos mercados obrigacionistas. Entre 2004 e 2014, multiplicou em 4,5 o seu valor absoluto e, relativamente ao PIB, cresceu 26 pontos percentuais, contra um cenário de fraco crescimento nos países emergentes descendo de 7,2% em 2010 para 3,4% em 2016 (3,9% expectável em 2016).

 

Combinado com condições de empréstimo mais restritivas (excepto na Europa emergente), dívidas elevadas significam uma maior despesa, limitam a capacidade de investimento e dificultam a recuperação. Este risco é particularmente elevado em 5 países cuja dívida total das empresas excede os 90% do PIB ou tenha aumentado 10 ou mais pontos desde meados de 2008: Brasil, Malásia, Turquia, Bulgária e Rússia.

 

Critério 3: Risco Político

 

Por último, a retoma da economia poderá atrasar-se devido a maiores incertezas políticas obrigando as empresas a adiar as suas decisões de investimento. Dos oito países prováveis de beneficiar dos ganhos da competitividade de preços, e de não serem afectados pelo risco de dívida das empresas, cerca de metade está a enfrentar um excessivo risco político. São eles os países cuja classificação em cada um dos dois indicadores da Coface – pressões para a mudança[1] e instrumentos de mudança[2] – é maior que a média dos países analisados e com tendência a crescer desde 2007.

 

Após a aplicação do filtro dos três critérios, quatro países são capazes de recuperar rapidamente ou suportar melhor a crise actual: a República Checa, a Polónia, o Chile e a  Tailândia. Estas economias representam menos que 2% do PIB global, mas partilham forças comuns: elas são relativamente industrializadas, superaram a armadilha do rendimento médio e não exportam muito para os mercados emergentes mais atingidos. Os seus princípios económicos são positivos: baixa pressão inflacionária, baixa (Chile, República Checa) ou moderada (Tailândia, Polónia) dívida pública, e nenhum deles tem um défice da balança corrente elevado. Contudo, existe uma fonte de vulnerabilidades: um risco político e social na Polónia, na Tailândia e no Chile, apesar de ser moderado. O Chile tem uma dependência significativa do cobre.

 

Do outro lado da balança, este estudo confirma que outras economias tem pouco espaço para uma recuperação no curto prazo: China, Arábia Saudita, Egipto e Equador, todos tem uma moeda que foi valorizada significativamente desde 2013 (particularmente devido ao uso de uma terceira moeda ou um sistema de taxa de câmbio fixa ou inflexível contra o dólar) e um elevado nível de risco político. Entre eles, a China tem vindo a acumular várias fragilidades, uma vez que o nível de dívida das suas empresas se mantém elevado.

[1] As pressões para a mudança (inflação, desemprego, controlo da corrupção) medem a intensidade das frustrações sociopolíticas num determinado país.

[2] Os instrumentos de mudança (educação, redes sociais, proporção de população jovem, o papel das mulheres) capturam a capacidade destas sociedades transformarem frustrações em acção política.

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