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2018/09/04
Risco País e Estudos Económicos

Renegociações do NAFTA – poderá o “elevado-risco” da indústria automóvel do México, transformar-se numa crise?

Renegociações do NAFTA – poderá o “elevado-risco”  da indústria automóvel do México, transformar-se numa crise?

A indústria automóvel representa um papel importante na economia do México. A representatividade do sector aumentou de 1,5% do PIB do país e 8,5% da sua produção industrial em 1993, para 3% PIB e 18% de produção industrial em 2015. Além disso, o México tem 28 fábricas de veículos que geram, directa ou indirectamente, trabalho a 1.7 milhões de pessoas. A retórica do Presidente Donald Trump, desde o início da sua campanha eleitoral ainda não danificou o sector, mas os riscos intensificaram-se pelas renegociações do NAFTA e pela agenda eleitoral do México.

 

O sector automóvel é um dos tópicos mais controversos nos debates do NAFTA

 

Desde o início da sua campanha eleitoral em 2016, o Presidente Donald Trump tem vindo a criticar continuamente o acordo NAFTA (Acordo de Comércio Livre da América do Norte, em inglêsNorth American Free Trade Agreement), culpando-o pelo défice comercial que os Estados Unidos mantêm com o México e pela destruição de empregos. Um dos tópicos mais controversos em negociação é a indústria automóvel. O acordo actualmente exige que 62,5% dos componentes dos veículos provenham de países parceiros, para que se qualifiquem como importações isentas de impostos. No âmbito das renegociações, os EUA desejam aumentar este rácio para um total de 85%, dos quais 50% é garantido por produtores americanos. Esta proposta foi categoricamente rejeitada pelo Canadá e pelo México. Este desfecho não será favorável às exportações mexicanas, uma vez que 60% dos carros produzidos no México são exportados para os Estados Unidos.

 

Apesar da retórica de anti comércio livre dos EUA e do adiamento das renegociações do NAFTA, a Coface prevê que o cenário mais plausível de ser alcançado será um acordo comercial que conserve a maioria das ligações comerciais transfronteiriças entre as três nações. A profunda relação comercial entre os EUA e o México, é um dos factores que aumentam a probabilidade deste cenário. Se o governo dos EUA decidir sair do acordo NAFTA, irá experimentar uma forte oposição por parte das indústrias e dos seus estados membros.

 

 

Riscos intensificados pela agenda eleitoral do México e pelas tendências de consumo

 

O consumo das famílias poderá ser influenciado pelas incertezas que envolvem as eleições presidenciais do México, agendadas para o dia 1 de Julho de 2018 – as quais provavelmente irão sobrepôr-se às renegociações do NAFTA. No final de 2017 a inflação aumentou até 6,8%. A taxa de juro de referência aumentou 450 pontos base, desde Dezembro de 2015, atingindo 7,5% ao ano, a partir de Fevereiro de 2018. Em 2017, o registo de veículos mexicanos diminuiu 4,6% face ao ano anterior.

 

Uma mudança de governo poderá afectar o posicionamento económico pro-negócios do país, levando a uma mudança acentuda de posição, por parte do México, face às renegociações do NAFTA. A insatisfação entre a população com a crescente criminalidade (2017 foi o ano mais violento em duas décadas) e a corrupção, fomentou o aparecimento de ambiente hostil para com as autoridades. Esta situação fortaleceu as hipóteses de um candidato populista poder vencer a eleições presidenciais.

 

Reflectir para além do relacionamento comercial com os EUA

 

O México actualmente possui uma rede de dez acordos de comércio exterior com 45 países. Aparentemente parece procurar novos acordos, bem como actualizar os existentes (como o acordo comercial com a União Europeia). No caso de haver um resultado inconveniente para o México nas negociações do NAFTA, o país deverá focar-se no reforço do seu ambiente empresarial, uma vez que o recente aumento da violência e o frágil estado de direito estão a dificultar o investimento. De Acordo com o“Rule of Law Index of The World Justice Project (WJP)  2017-2018”, o México está posicionado no 92º lugar entre os 113 países avaliados (apenas à frente da Guatemala, Nicarágua, Honduras, Bolívia e Venezuela, nas 30 economias da América Latina analisadas).

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