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2018/03/12
Risco País e Estudos Económicos

PMEs na China: Flexibilização monetária não será suficiente para reduzir a pressão do crédito

PMEs na China: Flexibilização monetária não será suficiente para reduzir a pressão do crédito

Ao considerar o risco na economia Chinesa, muita da discussão concentrou-se nas grandes empresas estatais ou nos grandes conglomerados privados. No entanto, os ventos contrários que afectam as pequenas e médias empresas (PMEs), não devem ser negligenciados. As PMEs lutam pelo acesso a recursos financeiros para satisfazer as suas necessidades de capital circulante e de expansão a longo prazo, no meio de uma guerra comercial iminente com os Estados Unidos e a rápida deterioração das condições de financiamento. Dada a sua importância na economia Chinesa, é provável que os dirigentes políticos tomem medidas para impedir que as PMEs se tornem o elo mais fraco. Diversas medidas poderiam ser úteis: incentivos fiscais prudentes, uma abordagem racional para regular o sistema bancário paralelo, e uma mudança para taxas de juros com base no mercado, tal como recompensar os procedimentos de análise de risco que associados a adequados retornos de risco/rendimento.

 

PMEs suportaram condições financeiras mais restritas durante o primeiro semestre de 2018

 

As PMEs são a espinha dorsal da economia Chinesa: representam 97% do total das empresas, 60% do PIB, e 80% do emprego urbano total. Além disso, são as mais proeminentes nos sectores da indústria, do comércio por grosso e a retalho. Estes sectores foram recentemente escrutinados, com receio de que possam ser afectados negativamente pelos ventos contrários. A industria inclui  actividades que se tornaram sujeitas a novas tarifas, implementadas como parte da guerra comercial EUA-China. As PMEs desses sectores podem ter dificuldades para absorver esse aumento no custo, conduzindo a maiores riscos de crédito. Os sectores de comércio grossista e retalho não estão isentos de pressões similares, já que muitas dessas empresas irão ver os custos dos seus consumos aumentarem, conduzindo a margens mais escassas. Além disso, estas empresas terão que lidar com um ambiente financeiro mais restrito, na sequência de uma liquidez mais restritiva do banco central.

 

Os elevados níveis de endividamento e a má alocação de capital, tornaram-se riscos para o crescimento Chinês, algo de que os dirigentes políticos estão bem cientes. A partir do primeiro semestre de 2018, a China decidiu dar um empurrão às empresas para a desalavancagem, reduzindo o financiamento alternativo de maior risco (sistema bancário paralelo). Embora o sistema bancário paralelo possa, por vezes, situar-se no limiar do quadro regulamentar existente, constitui, não obstante, uma importante fonte de financiamento para as PMEs. O impacto negativo sobre as necessidades de financiamento das PMEs já em dificuldades foi muito prejudicial: o crescimento dos empréstimos às PMEs desacelerou, com apenas 20% dos empréstimos bancários a serem concedidos a PMEs no primeiro semestre de 2018, contra os 30% no primeiro semestre de 2017. O acesso ao financiamento para capital corrente pode ser mais restrito que o financiamento normal, dados os maiores riscos de crédito e a pouca vontade por parte dos bancos.

 

Uma visão menos negativa do sistema bancário paralelo ajudaria a reduzir as pressões sobre as PMEs

 

Os dirigentes políticos em Pequim recuaram no aperto da política monetária, enquanto os reguladores manifestaram o seu apoio às PMEs. No entanto, isso não é suficiente para reduzir completamente as incertezas em torno das PMEs, pois provavelmente os bancos continuarão relutantes em financiar alguns segmentos do sector privado com maior risco. Além disso, espera-se que directrizes mais rígidas de análise de risco limitem o crédito às PMEs que estão actualmente envolvidas no comércio com os Estados Unidos, pois as incertezas ainda persistem nessa frente.

 

Uma visão menos negativa do sistema bancário paralelo ajudaria a reduzir as pressões sobre as PMEs, uma vez que complementa o sector bancário formal ao fornecer serviços que os bancos estatais não são capazes de proporcionar. Possibilitar taxas de juros mais flexíveis também seria favorável na eliminação de algumas barreiras que estão actualmente a interferir no financiamento às PMEs.

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