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2014/13/03
Risco País e Estudos Económicos

Estudo Coface – gestão do risco de crédito das empresas na China

Estudo Coface – gestão do risco de crédito das empresas na China
O estudo da Coface sobre a gestão de risco de crédito das empresas na China, realizado no quarto trimestre de 2013, revelou que 8 em cada 10 empresas na China experienciaram atrasos nos pagamentos em 2013. Os sectores dos produtos químicos, maquinaria industrial e aparelhos eléctricos e de electrónica estão em maior risco. Uma vez que as facilidades de crédito permanecem restritas em 2014, uma deterioração nos pagamentos das empresas poderá desencadear um significativo efeito dómino no mercado bancário paralelo da China. 
Os atrasos nos pagamentos das empresas continuaram a aumentar em 2013

 

De acordo com o estudo da Coface, 82% das empresas entrevistadas relataram situações de atrasos de pagamentos em 2013, um aumento de 5% em relação a 2012 e o nível mais alto em três anos. Das empresas afectadas, 45% disseram que os montantes em atraso também aumentaram. As empresas também registaram atrasos de pagamento por um período mais longo: 18% relataram um atraso médio de mais de 90 dias, um aumento de 5% em relação a 2012.

 

Os pagamentos com mais de 6 meses de atraso são considerados de alto risco. De acordo com a experiência da Coface, existem 80% de hipóteses de que esses pagamentos em atraso não sejam de todo pagos. Além disso, se o montante dos pagamentos em atraso exceder 2% do total de vendas de uma empresa, é provável que essas empresas venham a ter problemas de liquidez. Este é o caso de 33% das empresas entrevistadas, um sinal de um grave problema de liquidez e de um elevado risco de incumprimento para com os seus fornecedores,  bancos e instituições de empréstimo.

 

“A deterioração dos pagamentos das empresas na China serve como um alerta. Tradicionalmente falando, na China as empresas de menor dimensão não têm necessariamente acesso a linhas de crédito suficientes a partir do sistema bancário regular e este é o principal motor do crescimento do sistema bancário paralelo. Enquanto esperamos um aumento dos custos de financiamento em 2014, a taxa de juros no sistema bancário paralelo é já elevada. A tendência crescente para existirem atrasos de pagamento agrava os problemas de liquidez dos diferentes intervenientes na cadeia de abastecimento, e este ciclo vicioso pode levar a um significativo efeito dómino",diz Rocky Tung, Economista da Região Ásia-Pacífico da Coface.

 

Sectores de alto risco: maquinaria industrial e produtos electrónicos, aparelhos eléctricos / aparelhos electrónicos e produtos químicos

 

A maioria das indústrias na China assistiu a uma acentuada deterioração da sua experiência de pagamentos em 2013. Um número crescente de participantes da indústria relatou que o prazo de atraso médio atingiu mais de 60 dias em 2013, apresentando sinais de deterioração em comparação com 2012. Essa tendência é especialmente preocupante em três sectores: maquinaria industrial e electrónica (+16%), electrodomésticos / aparelhos electrónicos (19%) e produtos químicos (11%).

 

Para além da experiência de pagamentos, este estudo considerou o desempenho financeiro da indústria (rácio de endividamento e rentabilidade) para avaliar a saúde geral da economia chinesa."Verificando o rácio de endividamento confirmamos como a influência de diversas indústrias tem vindo a mudar ao longo do tempo, o que lança luz sobre como as mudanças nos custos de financiamento podem afectar cada sector e como os intervenientes da indústria estão dispostos a financiar os seus próprios negócios. Ao mesmo tempo, o lucro do sector é importante por razões óbvias - indica como uma empresa é capaz de gerar fluxo de caixa a partir das suas operações."afirma Rocky Tung.

 

Os sectores da maquinaria industrial e electrónica, aparelhos electrodomésticos / electrónicos e produtos químicos experimentaram uma deterioração tanto nos pagamentos como nos indicadores financeiros. Isto pode ser justificado pela baixa procura no mercado doméstico e de exportação em 2013 e pela elevada concorrência no sector.

 

Sector (subsector)

Experiência de pagamento

(vs. 2012)

Desempenho financeiro (vs. 2012)
Automóvel Ligeira melhoria Idêntico
Construção Ligeira melhoria Melhorou
Químico Deterioração Idêntico
Aparelhos electrónicos  - computadores Deterioração Ligeira deterioração
Aparelhos electrónicos – saúde e beleza Idêntico
Electrónica Industrial – parte electrónica Ligeira deterioração Ligeira melhoria
Electrónica Industrial – maquinaria pesada mineira Ligeira melhoria
Electrónica Industrial – partes computorizadas Deterioração
Papel e impressão Idêntico Idêntico
Aço Idêntico Idêntico
Têxtil Idêntico Idêntico

Fonte: Coface

 

As empresas preocupam-se com o crescimento económico na China e as restrições de crédito em 2014

 

Enquanto a espiral dos custos de mão-de-obra e a valorização do Yuan podem ser títulos de abertura no noticiário, estão longe de serem as áreas mais importantes de preocupação para as empresas na China. Estas questões são consideradas preocupantes apenas por 26% e 9% das empresas. É a potencial desaceleração económica na China que preocupa a maioria (61%) dos entrevistados. As restrições ao crédito, que podem potencialmente reduzir o seu acesso ao crédito, são temidas por 50% das empresas.

 

Para 2014, o cenário macroeconómico global na China permanece saudável, ainda que o crescimento económico de primeira linha deva abrandar durante o processo de normalização em curso. Reflexo do abrandamento dos objectivos de crescimento económico do governo nos últimos anos, o crescimento económico, também caiu ligeiramente ao longo deste período. O crescimento real do PIB de 7,7% em 2013 foi a mais baixa taxa de crescimento alcançada pela segunda maior economia do Mundo em 14 anos. Isto está em linha com a intenção do governo em focalizar-se na qualidade - em vez de quantidade - de crescimento daqui para a frente. No entanto, a estimativa da Coface de 7,2% de crescimento do PIB em 2014 vai continuar a avaliar a China como uma das economias de crescimento mais rápidas do mundo.

 

Apesar das grandes esperanças para o crescimento económico liderado pelo consumo, o investimento continuará a ser o motor de crescimento a médio prazo, uma vez que esperamos que o crescimento do rendimento nas famílias chinesas continue a abrandar, em linha com a tendência observada ao longo dos últimos anos. A taxa de crescimento do rendimento e da despesa no consumo reduziu, respectivamente, de 12,4% e 10% em 2012 para 9,6% e 8,1% em 2013. O consumo doméstico deverá crescer a um ritmo mais lento em 2014.

 

Aumentar a consciência da gestão de créditos das empresas chinesas

 

Hoje em dia, 90% das empresas chinesas utilizam as vendas a crédito no seu comércio interno. É encorajador ver que mais de 60% das empresas afirmaram no estudo que utilizaram diferentes ferramentas de gestão de crédito nas suas operações.

 

"Os valores dos créditos comerciais são tão importantes quanto os activos e, por vezes, são o maior património que uma empresa possui. Oferecer vendas a crédito é, certamente, uma forma eficaz para ganhar o negócio. No entanto, sem um adequado controlo de crédito, pode ter um impacto financeiro significativo sobre a empresa. Também é encorajador ver que o uso do seguro de crédito aumentou de 18% em 2012 para 24% em 2013", disse Richard Burton, Director Regional Ásia-Pacífico da Coface.

 

Sobre o estudo

A Coface tem realizado o estudo sobre a gestão de crédito das empresas na China desde 2003 e a análise de 2013 é a sua 11 ª edição. 956 empresas de diferentes sectores participaram na pesquisa, entre Outubro e Dezembro de 2013. O estudo Coface fornece uma melhor compreensão sobre a experiência de pagamento das empresas localizadas na China e a sua prática de gestão de crédito.

Transferir este comunicado de imprensa : Estudo Coface – gestão do risco de crédito das empresas na China (497,81 kB)

Contacto


Para mais informações:

Cláudia MOUSINHO
Tel. (+351) 211 545 408
Mail claudia.mousinho@coface.com 

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