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Estudo sobre os prazos de pagamentos entre as empresas na Alemanha em 2025: A Situação Agrava-se Antes de Dar Sinais de Melhoria

A 9.ª edição do estudo da Coface sobre o comportamento de pagamento das empresas alemãs revela um agravamento significativo nos prazos de pagamento, num contexto de incerteza política e crescentes tensões geopolíticas. Ainda assim, em comparação com os restantes países analisados pela Coface, a Alemanha continua a destacar-se por apresentar alguns dos prazos e atrasos de pagamento mais curtos.

Prazos de pagamento: procura no nível mais elevado desde 2016

Em 2025, 84% das empresas alemãs concedem prazos de pagamento, um recorde desde 2016. Ao mesmo tempo, a tradicional preferência da Alemanha por prazos curtos reforçou-se ainda mais: 92% das empresas inquiridas exigem pagamento num prazo até 60 dias, o mesmo nível registado em 2016. Apesar destas mudanças, o prazo médio de pagamento manteve-se praticamente inalterado, situando-se nos 32,5 dias (face aos 32,1 dias em 2024).

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Atrasos nos pagamentos: elevados pelo quarto ano consecutivo

.81% das empresas reportam novos atrasos nos pagamentos (+3% face a 2024), um valor próximo do pico de 85% registado em 2019. A duração média dos atrasos aumentou um dia, situando-se nos 31,8 dias. Embora este dado represente um agravamento, mantém-se significativamente abaixo da média pré-pandemia, que era de 39,7 dias.

 

Risco financeiro continua a ser uma preocupação, exigindo cautela em 2026

12% das empresas reportaram atrasos prolongados nos pagamentos (entre seis meses e dois anos) superiores a 2% do seu volume de negócios anual. Embora este valor tenha registado uma ligeira descida face a 2024, mantém-se significativamente acima da média pré-pandemia. O setor da construção foi o mais afetado, com 24% das empresas a reportarem este tipo de atrasos. Segundo a experiência da Coface, 80% destes pagamentos em atraso nunca são recuperados, o que os torna um risco comercial relevante e um sinal económico negativo.

Perspetivas económicas: otimismo frágil num contexto de incerteza persistente

Após três anos de estagnação económica, as empresas alemãs começam a vislumbrar uma melhoria: embora o sentimento geral para 2025 continue negativo — a percentagem de empresas pessimistas supera a de otimistas em 17 pontos percentuais —, as perspetivas para 2026 são mais encorajadoras, com mais otimistas do que pessimistas (+16 pontos). Este otimismo é impulsionado por medidas de estímulo previstas, como investimentos na defesa, infraestruturas, transição climática e incentivos fiscais para as empresas. Todas estas medidas alimentam alguma esperança para a Alemanha, no centro da economia europeia, apesar dos desafios políticos e económicos, tanto internos como externos.

 

Alemanha continua a ser um mercado de referência, apesar dos desafios

Apesar das preocupações com a procura interna e os constrangimentos estruturais, a Alemanha, juntamente com os países da UE e da EFTA³, continua a ser considerada o mercado mais promissor pelos inquiridos. Já os Estados Unidos perderam atratividade, regressando a níveis de popularidade semelhantes aos registados durante o primeiro mandato de Donald Trump. A instabilidade nas políticas comerciais dos EUA — e a nível global — é provavelmente uma das principais razões para esta queda. Como resposta, 23% das empresas já implementaram estratégias de “de-risking”, como diversificação de fornecedores, reforço da segurança nos pagamentos e relocalização de operações. Segundo os planos dos inquiridos, este número deverá atingir os 54% nos próximos três anos, especialmente nos setores orientados para a exportação.

Apesar da melhoria nas perspetivas para 2026, verifica-se inicialmente um agravamento no comportamento de pagamento. Esta tendência também se reflete nos números de insolvência, que atualmente atingem o nível mais elevado dos últimos dez anos.

Christiane von Berg, Economista Regional para o Benelux, Alemanha, Áustria e Suíça na Coface.

 

Descarregue o estudo. 
(.pdf 0,64 Mo)
 

 

[1] Estudo realizado em maio e junho de 2025 junto de 847 empresas participantes.

[2] A Coface não publicou um inquérito sobre pagamentos em 2018.
[3] Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA).
 

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