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2016/01/02
Risco País e Estudos Económicos

Conferência Risco País - Paris 2016

 

Conferência Risco País 2016

 

Três riscos a vigiar em 2016: o débil crescimento, as tensões políticas e as dívidas empresariais das economias emergentes.

 

  •  Economias avançadas: existem vários motivos de preocupação, incluindo a volatilidade dos mercados financeiros, o baixo preço do petróleo e a desaceleração da economia chinesa;
  •  Países emergentes: para além do lento crescimento, o aumento do endividamento das empresas;
  •  Aumento dos riscos políticos passíveis de afectar a confiança empresarial em todas as regiões.

 

Um novo ano de incertezas políticas

Em 2016 será necessária uma abordagem prudente face à evolução do risco país. Num contexto de ligeiro crescimento mundial, que a Coface prevê vir a situar-se nos 2,7% (face a 2,5% em 2015), estima-se que os riscos identificados em 2015 permaneçam também este ano. Em primeira linha, encontram-se as tensões políticas, que ganham terreno tanto nos países avançados como nos emergentes.

 

As eleições nos Estados Unidos e, acima de tudo, o risco de "Brexit"do Reino Unido (dois países avançados que superaram a Zona Euro em 2015), irão provavelmente pesar sobre a confiança empresarial. Nos países emergentes, destaca-se o Médio Oriente onde as incertezas permanecem elevadas. O risco de terrorismo poderia dar lugar a movimentos nacionalistas mais acentuados. Segundo o índice de risco político da Coface¹, a Turquia e o Brasil destacam-se particularmente, devido ao aumento da instabilidade política registada entre 2007 e 2015, após o significativo agravamento da situação económica. O Brasil, cuja crise política e recessão se espera que permaneçam em 2016, assistiu à redução da sua classificação de risco país, pela segunda vez em menos de um ano, para a nota C.

 

Países avançados: recuperação sob pressão

Em geral, os países avançados terão um crescimento moderado em 2016, que a Coface estima ser de 2%. As principais preocupações incluem a sua dependência dos preços das matérias-primas, da desaceleração da economia chinesa e da volatilidade do mercado financeiro.

 

A tendência de decréscimo do preço do petróleo deveria continuar em 2016, devido ao excedente de produção - em parte causado pelo retorno do Irão ao mercado. o Canadá, anteriormente classificado na melhor categoria de risco, encontra-se agora notado com A2, devido à queda dos investimentos no sector petrolífero que resultou na diminuição das suas receitas. O contínuo decréscimo dos preços do petróleo teve, no entanto, um efeito positivo sobre as economias familiares e empresariais de alguns países avançados. À excepção do Japão e Itália, a queda nas facturas de energia ajudou a recuperar o investimento empresarial, particularmente em Espanha e no Reino Unido.

 

O Japão também se encontra entre as potenciais vítimas da mais que anunciada desaceleração da economia chinesa, dado que 18% das suas exportações são destinadas a este país. O débil crescimento (estimado em 0.9% para 2016), o risco persistente de deflação e a indispensável consolidação fiscal explicam a actual colocação da sua notação A1 sob vigilância negativa. Sem surpresas, a diminuição da procura e do turismo da China continental continuará a afectar a actividade em Hong Kong e Taiwan, os quais se encontram também sob vigilância negativa.

 

Na Zona Euro (com um crescimento de 1,7% previsto para 2016), a situação das empresas está a melhorar gradualmente. Isto torna-se evidente nas estatísticas das insolvências em França, Alemanha, Itália (um decréscimo de entre 3,5% e 5% nos primeiros nove meses de 2015, face ao mesmo período de 2014) e, especialmente, em Espanha (-26%). O crescimento da Itália será apoiado pela procura interna, que se beneficiará da recuperação da confiança e do progresso nas reformas estruturais. Isto levou a Coface a situar a classificar a Itália com a nota B sob vigilância positiva.

 

Endividamento empresarial excessivo: um novo mal-estar para os países emergentes

A situação dos países emergentes, onde o crescimento se reduziu para a metade em cinco anos (3,9% previsto em 2016), torna-se ainda mais complicada pelo crescente endividamento das empresas, afectadas tanto pela queda dos preços das matérias-primas como pelas políticas monetárias altamente expansionistas que se seguiram à crise do Lehman Brothers. Apenas a Europa central não foi afectada nesta fase. A Hungria (cuja classificação melhorou um ponto para a nota A4) e a Letónia (B sob vigilância positiva) destacam-se pelo seu sólido crescimento com o apoio do consumo doméstico e pelo aumento das exportações para outros países europeus outros que a Rússia.

Segundo os economistas da Coface, as empresas chinesas estão entre as mais endividadas. A sua dívida representa mais de 160% do PIB e 60 pontos mais que em 2008. A seguir à China, vem a Turquia (+30 pontos), o Brasil (+17 pontos), a Rússia (+14 pontos) e a Malásia (+11 pontos). As empresas turcas, que têm um terço da sua dívida em USD, estão a demonstrar estar mais expostas aos riscos cambiais. A principal esperança a médio prazo provém do ganho de competitividade resultante das recentes depreciações das moedas emergentes.

Neste contexto de aumento do risco para as empresas, a Coface está a reduzir um ponto a classificação de vários países emergentes que já estavam sob vigilância negativa. Estes incluem:

 

  • Argélia (B) e Gabão (C),devido aos baixos preços dos hidrocarbonetos;
  • África do Sul (B),afectada negativamente pelo lento crescimento económico e pelo aumento das tensões sociais;
  • Tanzânia (C) e Madagáscar (D), onde o crescimento se vê limitado pela incerteza política. 

 [1] O índice de risco político da Coface combina dois tipos de indicadores: pressões para mudanças (infação, desemprego, controlo da corrupção, etc.) o qual mede a intensidade das problemáticas socio-políticas que ocorrem em cada país, e instrumentos de mudança (educação, redes sociais, proporção de jovens, papel da mulher, etc), o respectivo captura a capacidade da sociedade para transformar essas frustrações numa acção política.

 

 

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