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2015/28/01
Risco País e Estudos Económicos

Conferência Risco País 2015: Em 2015, a recuperação global vai ser difícil e sujeita a múltiplos riscos

Conferência Risco País 2015: Em 2015, a recuperação global vai ser difícil e sujeita a múltiplos riscos

A economia global está no caminho da recuperação gradual. Menos vigoroso que antes da crise de 2008, o crescimento global continua a seguir uma tendência moderada de aceleração: +3.1% em 2015, após +2.8% em 2014 e +2.7% em 2013. São esperadas ligeiras melhorias tanto nos países avançados (de +1.7% em 2014 para +2.1% em 2015), como nos países emergentes (de +4.2% para 4.3%).

 

 

Países avançados: certamente uma recuperação, mas frágil em resultado dos constrangimentos que ainda se sentem no investimento na Europa

 

A Coface está cautelosamente optimista na sua avaliação dos riscos nos países avançados. Em primeiro lugar, nos Estados Unidos, o forte crescimento (+2.9% em 2015) é baseado numa procura interna vigorosa e numa verdadeira recuperação da indústria, tal como a indústria automóvel, na qual as empresas estão a funcionar a 90% das suas capacidades. As empresas estão a tirar partido de uma redução de custos multifacetada: baixos custos de energia, juntamente com a expansão do gás de xisto e a queda dos preços do petróleo, mas também dos limitados aumentos salariais. A indústria metalúrgica permanece o único sector onde o risco é considerado elevado, enquanto o sector químico, têxtil, transportes e a indústria automóvel são considerados na categoria de risco moderado, a melhor avaliação, no barómetro de risco sectorial da Coface.

 

As melhorias são muito mais lentas na Europa, mas ainda assim perceptíveis: na Zona Euro, o crescimento deve alcançar +1.2% em 2015 (após +0.8% em 2014 e -0.4% em 2013). Após a recente actualização das avaliações de Espanha, Alemanha e Áustria, a Coface anuncia uma nova melhoria: a classificação B dePortugalé agora colocada sob vigilância positiva. A sair do plano de resgate, o país está a atravessar um período de crescimento (+1.2% em 2015). A situação financeira das empresas está gradualmente a melhorar: estão a recuperar as margens e as insolvências a diminuir.

 

Em França, e também em Itália, observamos uma melhoria na saúde financeira das empresas. A Coface antecipa um aumento notável nas margens das empresas para 31.1% no final de 2015, isto é, ao mesmo nível que em 2009, em resultado da implementação do “pacto de responsabilidade” do governo e da queda dos preços do petróleo. Contudo,as empresas permanecerão muito cautelosas nas decisões de investimento devido ao ambiente de deflação e ao crescimento dos riscos políticos na Zona Euro (incerteza relativa à possibilidade dos governos levarem a cabo as reformas necessárias, e a popularidade crescente de partidos contra a construção Europeia).

 

Na Europa, o baixo nível de consumo é o principal causador da baixa inflação. De facto, o ainda fardo pesado da dívida pública e privada significa que uma larga proporção das receitas é utilizada para o reembolso de dívidas. Contudo, a inflação negativa, ela própria causada por esta baixa procura, provoca um aumento do valor real da dívida. Consequentemente, a redução da dívida pública e privada mantém pressões deflacionistas e estas mesmas pressões complicam a redução da dívida. Neste contexto, a acção proactiva do BCE é crucial enquanto cenário tranquilizador para as empresas e para as famílias, no sentido de evitar uma crise deflacionista. Contudo, não irá ser suficiente para impulsionar significativamente o apetite pelo investimento na economia real.

 

“Após as crises soberanas, a Europa descobriu agora um risco oposto: que conservar uma dívida pesada afecta consideravelmente a recuperação e alimenta as pressões deflacionistas. O crescimento está também comprometido pelas eventos geopolíticos com desfechos incertos, primeiramente com a crise geopolítica Rússia-Ucrânia, que afecta a moral dos agentes económicos. Por último, o regresso do risco político na própria Europa afecta a confiança. Em relação a isto, as eleições que ocorrem em 2015 vão ser testes importantes”, comenta Yvez Zlotowski, Economista-Chefe da Coface.

 

 

Países emergentes: O regresso às crises “tradicionais”, com novas e felizes excepções

 

Enquanto o seu crescimento permanece forte na globalidade, os países emergentes estão a sofrer o regresso das crises tradicionais, com saídas de capital e tensões recorrentes nas suas taxas de câmbio. A volatilidade de seis moedas frágeis desde 2009 serve de ilustração: Brasil, Índia, Indonésia, Turquia, África do Sul e Rússia. A combinação de um abrandamento económico, o aumento da dívida privada e depreciações repetitivas de moeda, levaram a Coface a rever em baixa diversas classificações de países. A mais recente revisão em baixa foi a classificação da Turquia para B (+3.5% em 2015) e da Rússia para C (-3.0% em 2015). Apesar disso, referir que enquanto as empresas estão em risco, crises de natureza sistémica deixaram de ser a regra nos países emergentes. Os bancos estão fortes e as finanças públicas estão sólidas. Em resumo, nenhum grande país emergente teve necessidade de pedir a intervenção do FMI numa emergência. Dois países da América Latina foram particularmente testados em 2014 devido a grandes riscos de liquidez externa: a Venezuela e a Argentina. Em ambos os casos, a China desempenhou o papel de “fornecedor de liquidez” em último recurso.

 

Contudo, diversos países distinguiram-se por tendências favoráveis. OVietname, cuja classificação C está agora acompanhada pela vigilância positiva, estabilizou a sua taxa de câmbio, produzindo cada vez mais (tal como demonstrado pelo dinamismo da exportação dos seus produtos electrónicos) e atraiu investimento estrangeiro, particularmente Coreano, apesar de um ambiente de negócio difícil. A Coface também melhorou a classificação doSri Lankapara um B sem vigilância, porque desde o final da guerra em 2009, o crescimento tem sido forte e estável e o défice orçamental diminui.

 

Vigilância negativa sobre a China: a primeira revisão em baixa do risco das “Empresas” desde 2010

Para a Coface, as empresas Chinesas entraram numa zona perigosa, daí a decisão de anunciar a vigilância negativa para a classificação de risco país de A3 daChina.
 

Actualmente, as empresas enfrentam vários desafios: uma desaceleração está confirmada. A Coface espera um crescimento de 7% em 2015. O excesso de produção continua em diversos sectores, incluindo o sector metalúrgico e de construção.
 

Acima de tudo, o endividamento alcançou um nível preocupante. A dívida privada é estimada pela Coface em mais de 200% do PIB. O Crédito bancário continua a aumentar mais rapidamente que o PIB. A isto deve ser acrescido o financiamento doshadow banking, que não é muito transparente e por vezes pratica taxas de juro usuárias. Esta fase de aumento dos riscos é inevitável e intrínseca à “normalização” do crescimento Chinês. A vontade das autoridades em favorecer o consumo em detrimento do investimento, no sentido de reduzir o excesso de produção, significa que a dívida colossal das empresas não pode continuar a ser sistematicamente financiada. Consequentemente, contamos que as empresas Chinesas tenham dificuldades de pagamento em 2015, num contexto de actividade interna que é menos dinâmico mas mais sustentável a médio prazo.

 

 

crp

 

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