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2021/27/07
Risco País e Estudos Económicos

Barómetro 2º Trimestre de 2021: um mundo a duas velocidades

Barómetro 2º Trimestre de 2021: um mundo a duas velocidades

18 meses após o início da pandemia, o acesso à vacinação é agora o principal factor que define o ritmo da vida quotidiana das pessoas e da economia a nível global. As previsões de crescimento do PIB para 2021 foram revistas em alta (+5,6%), mas isto é, principalmente, o resultado de surpresas positivas nos Estados Unidos. Esta melhoria na perspetiva de crescimento reflete-se no comércio mundial: após um declínio de 5% de volume no ano passado, a Coface prevê um aumento de 11% para 2021.

 

Neste contexto de crescimento do comércio internacional, os países exportadores de matérias-primas estão a beneficiar de uma melhoria das suas condições comerciais. Simultaneamente, o lento progresso das campanhas de vacinação nos países emergentes torna improvável que a imunidade do grupo seja alcançada nos próximos doze meses. Isto sugere que os processos de “pára-arranca” vão perdurar, e continuar a limitar a procura interna na maioria das economias emergentes.

 

Por fim, a Coface observa um aumento do risco político relacionado com a crise sanitária e a aceleração da inflação.

 

 

Europa e América do Norte em 2022: rumo ao fim do “pára-arranca” e novos investimentos em infraestruturas

 

As principais tendências sanitárias aceleraram desde que a Coface publicou o seu último Barómetro em abril, com o processo de vacinação a avançar mais rapidamente na América do Norte e na Europa do que no resto do mundo. A aceleração destas campanhas de vacinação, combinada com os efeitos das restrições de circulação na primavera, levou a uma queda no número de novas infeções nestas regiões. As autoridades locais puderam, portanto, reabrir áreas da economia antes do Verão. No entanto, dois riscos tornam incerta a continuidade desta tendência positiva, nomeadamente:

 

-        O abrandamento da taxa de vacinação que, a confirmar-se nos próximos meses, atrasará a obtenção da imunidade de grupo.

-        O limiar para atingir a imunidade de grupo é ainda maior, porque o vírus transmite-se rapidamente entre as pessoas. No entanto, o aparecimento de novas variantes que são mais rapidamente transmissíveis, suscita o receio de possíveis novas ondas de contaminação nos próximos meses.

 

 

Desde que estes dois riscos não se materializem, as economias Europeia e Norte-Americana deverão voltar ao funcionamentoquase normalaté ao final do Verão.

 

Poucas alterações devem ser notadas nas previsões de crescimento. A revisão em alta do crescimento global esperada em 2021 (+5,6%, +0,5 pontos em comparação com o último Barómetro da Coface) é largamente atribuída aos Estados Unidos (+6,5% este ano), cuja economia tem continuado a surpreender favoravelmente desde o verão passado. Esta melhoria das perspetivas de crescimento reflete-se no comércio mundial: o modelo da Coface aponta para um crescimento de 11% este ano.

 

Do lado positivo, a implementação do plano de infraestruturas anunciado por Joe Biden irá beneficiar muitos sectores de atividade se for adotado. Na Europa, a libertação dos fundos de estímulo anunciada em julho de 2020 terá um impacto diferenciado nas economias e servirá múltiplos propósitos: apoiar a procura, acelerar a recuperação e promover o desenvolvimento nos sectores de crescimento.

 

Para as empresas, contudo, é expectável um aumento dos custos de produção: para além da contínua escassez de certos componentes eletrónicos, afeta também os custos de transporte, bem como os preços das matérias-primas, que se espera que se mantenham elevados.

 

 

Economias emergentes: procura interna condicionada pelo “pára-arranca” e pela inflação

 

Desde o início de abril, a situação sanitária permaneceu difícil em vários países da América Latina (nomeadamente no Brasil e na Argentina), e na Índia. Foram também observados novos aumentos no número de infeções em vários países asiáticos (por exemplo, Malásia, Tailândia, Coreia do Sul e Singapura), com os indicadores de mobilidade de alta frequência a apontarem para uma menor atividade económica nestas regiões. O número de pessoas infetadas com o vírus também aumentou rapidamente na África e na Rússia, no início do verão. A tendência é mais positiva na Europa Central e Oriental, no Médio Oriente, e na Turquia.

 

Para além do contexto sanitário, o aumento da inflação (+8,1% ao ano no Brasil, o valor mais elevado em 5 anos) e o subsequente endurecimento de certas políticas monetárias são suscetíveis de limitar a extensão da recuperação na procura interna. Os países cujas matérias primas representam uma grande parte das importações, serão penalizados por um aumento significativo dos seus preços. Este é o caso da China, cujas importações de matérias-primas representam mais de 30% do total das suas compras de bens estrangeiros. Enquanto a inflação no consumidor permanece contida na China nesta fase (+1,3% ao longo de um ano), a subida acentuada dos preços no produtor (+9% ano a ano, o valor mais elevado em 12 anos) é um forte argumento para a sua aceleração nos próximos meses.

 

 

Forte aumento do risco político relacionado com a aceleração da inflação no contexto da crise sanitária

 

Os riscos inflacionistas têm aparecido nas noticías nos últimos meses. Neste contexto, a actualização anual do Índice de Risco Político da Coface mostra um forte aumento do risco político em todo o mundo, e particularmente nos países emergentes. De facto, os números mostram uma deterioração do nível de vida e do poder de compra, bem como um aumento das desigualdades observadas após a crise da COVID-19. Nesta fase, estas condições não estão necessariamente a conduzir a revoltas populares, que permanecem limitadas pela capacidade de circulação das pessoas.

 

Em 2020,o índice de risco social aumentou acentuadamente (+5 pontos) para 51% a nível global, tendo atingido o seu nível mais elevado de sempre. Apesar das numerosas medidas de apoio fiscal e monetário, 140 dos 160 países avaliados viram o seu PIB diminuir no ano passado. Ao mesmo tempo, a taxa de desemprego aumentou em 145 destes 160 países. O aumento deste risco é mais acentuado nas economias de elevado rendimento, que têm um nível de risco inicial mais baixo. No entanto, apesar destes desenvolvimentos, os países com o mais alto nível de risco social continuam a ser o Iémen, a Síria, o Iraque, a Venezuela, a Líbia, o Líbano, o Sudão, o Irão, a Argélia, e a Arábia Saudita.

 

O índice de conflito, a segunda componente do Índice de Risco Político da Coface, é calculado de acordo com o número de conflitos, a sua intensidade, o número de vítimas e a sua duração. Em 2020, o Azerbaijão e a Etiópia registaram um aumento deste índice, devido aos conflitos observados nos seus territórios. São seguidos por países que lutam contra o terrorismo ou estão em guerra civil, tais como a República Centro-Africana, o Sudão e o Mali.

 

 

 

 

 

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