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2020/27/11
Risco País e Estudos Económicos

ÁFRICA: RISCOS SOCIAIS E POLÍTICOS

ÁFRICA: RISCOS SOCIAIS E POLÍTICOS

Os riscos políticos e sociais em África têm sido exacerbados pela pandemia COVID-19.Isto deve-se à implementação de medidas de contenção (mais ou menos rigorosas), à queda de atividade relacionada com o aumento do desemprego, à perda de receitas para as famílias, à escassez e/ou desvio de recursos públicos, e ao colapso da procura externa.

 

Estas consequências terríveis da crise também existem nas economias avançadas, mas no continente Africano, a generalidade dos países já se encontravam anteriormente confrontados com riscos sociais e políticos mais elevados, sistemas de saúde fracos, uma governação deficiente em matérias como a corrupção, o Estado de direito, a eficácia regulamentar, e a responsabilização, e uma informalidade generalizada, quando a crise eclodiu.

 

Esta situação agudizou o equilíbrio entre as questões de saúde e sociais. Em alguns casos, as autoridades conseguiram distribuir dinheiro ou isentar a população mais carenciada e vulnerável do pagamento de alguns serviços públicos. O desenvolvimento das comunicações móveis e da banca ajudaram a consegui-lo, apesar da informalidade e da ausência de inclusão financeira. O apoio financeiro tem sido frequentemente limitado devido à falta de recursos financeiros públicos e à impossibilidade de angariar fundos tanto a nível interno como internacional. Os países onde estes riscos e estas deficiências eram mais elevados, serão os mais afetados.

 

Espera-se certamente uma recuperação do crescimento na África Subsaariana em 2021(de -4% em 2020 até 3,2% de acordo com a Coface), e com ela, os riscos deverão diminuir. Contudo, os riscos poderão não voltar ao seu nível anterior, uma vez que a crise deixará as suas marcas e o crescimento não voltará ao nível pré-crise. A cooperação multilateral e bilateral ajudará a suavizar as consequências da crise e ajudar estes países a superá-la.

 

Contudo, essa ajuda não resolverá tudo, uma vez que se limita sobretudo a aumentar a liquidez através da suspensão do serviço da dívida concedido pelos dos países do G 20 em 2020 (DSSI) e de empréstimos multilaterais em melhores condições. Fica a questão da solvência por resolver. Quando a poeira assentar, os credores serão certamente confrontados com mais países em dificuldades com a pressão da dívida. Isso deverá levá-los a conceder a reestruturação de dívidas. Caso contrário, a austeridade tornar-se-á inevitável, alimentando ainda mais os riscos sociais e políticos.

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