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2020/03/04

A crise do coronavírus será o momento decisivo para o euro.

A crise do coronavírus será o momento decisivo para o euro.

Durante algum tempo, parecia que a natureza imprevisível e generalizada do choque do coronavírus iria mobilizar a Zona Euro numa resposta política unificada. Todos os governos anunciaram com rapidez grandes pacotes fiscais e soluções de garantia de liquidez ainda mais expressivas.

 

Fazendo eco do espírito do discurso "o que for preciso" de Draghi em 2012, Bruxelas suspendeu as regras fiscais, e o BCE de Lagarde comprará todos os títulos que forem necessários. Mas a reunião inconclusiva do Conselho Europeu da semana passada, mostrou que os fantasmas da última crise não foram esquecidos.

 

O Norte, conservador do ponto de vista fiscal, só aceitará a utilização do ESM (Mecanismo de Estabilidade Europe, o fundo de resgate de 500 mil milhões da UE) se quem beneficie, concordar com futuros compromissos fiscais. No Sul endividado, o termo "condicionalidade" é sinónimo de austeridade, do tipo que dizimou a economia grega.

 

Um acordo sobre uma emissão de dívida comum (a proposta de "coronabonds" apoiada por 9 países e Lagarde) será ainda mais difícil de alcançar. Se os Estados-membros resolverem as suas diferenças, as consequências económicas da crise COVID-19 serão "apenas" tão brutais como em qualquer outro lugar. Se eles não o fizerem, isso acrescentará mais uma camada de dor.

 

A dívida pública de Itália pode ultrapassar os 140% ou 150% do PIB. Se os mercados duvidarem da vontade da Europa em apoiar a Itália, os seus títulos vão ser penalizados e os já frágeis balanços dos bancos italianos também. Se a contração em Itália for desastrosa, esta terá dimensão para derrubar a economia da zona do euro.

 

Dito isto, as autoridades reagiram, até agora, de forma rápida e decisiva. Com o seu novo programa de compra de títulos de 750 bn, o BCE segurou com sucesso osspreadsitalianos. A sua vontade de mudar as suas próprias regras para dar apoio ilimitado aos Estados é um sinal forte como qualquer outro.

 

Marcos Carias, Economista da Coface para a Zona Euro

 

 

 

 

 

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