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2020/29/05
Risco País e Estudos Económicos

Fundo de recuperação Macron-Merkel

Fundo de recuperação Macron-Merkel

O fundo de recuperação Macron-Merkel: longe de ser um substituto da flexibilização quantitativa - Quantitative easing (QE), é  um modesto passo na direcção certa

 

Quando a proposta franco-alemã de um fundo de recuperação de 500 mil milhões de euros foi anunciada na semana passada, muitos celebraram este momento como o momento em que os Chefes de Estado aceitaram finalmente que o BCE não pode fazer todo o trabalho pesado. A iniciativa surge dias após o ataque do Tribunal Constitucional alemão à flexibilização quantitativa do BCE.

Mas, ainda que ambiciosa pelos padrões históricos da política fiscal da UE, não pode esperar trazer transferências fiscais que rivalizem com o efeito da QE. Uma leitura das alterações no balanço do Banco de Itália sugere que as obrigações italianas poderiam representar 19% das compras de obrigações ao abrigo do Programa de Compra de Emergência Pandémica (PEPP), em Março e Abril.

 

Se essa chave de repartição se mantiver durante o resto do programa, tal ascenderá a cerca de 150 mil milhões de euros em apoio ao tesouro italiano, ou seja, 7% do PIB italiano. Em contrapartida, é pouco provável que a proposta do fundo de recuperação produza transferências líquidas superiores a 2% do PIB para um determinado país.

 

Se ultrapassar a oposição dos Estados-Membros fiscalmente conservadores, será um avanço bem-vindo. Mas propostas desta magnitude continuam a ser uma gota no oceano em comparação com o QE do BCE. 

 

Marcos Carias, Economista de Coface para la Zona Euro

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