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2015/14/10
Risco País e Estudos Económicos

Estará a China a ensombrar a Ásia?

Estará a China a assombrar a Ásia?

A China tenta encontrar um caminho para um crescimento mais saudável e sustentável, mas isso não é totalmente indolor para a sua economia, ou para seus países vizinhos. Segundo as estimativas da Coface, é improvável que o crescimento exceda os 6,7% em 2015 e os 6,2% em 2016, em comparação com os 13,4% no período de 2006-2007. Estes resultados exprimem principalmente o abrandamento do processo de recuperação tecnológica e de capital: várias indústrias sofrem elevados níveis de endividamento corporativo e de sobrecapacidade, afectando, assim, o investimento. Testemunhamos uma mudança no paradigma económico Chinês. Que países da Ásia serão as primeiras vítimas no caso de uma aterragem forçada? E quais são os mais imunizados?

 

O Império do Meio, na véspera de grandes mudanças 

As alterações no actual modelo Chinês revelam dois grandes desenvolvimentos: Deterioração da competitividade dos preços em relação a outros países da Ásia e, uma transição para um crescimento sustentado pelo consumo e não pelo investimento.

O aumento de custos unitários de trabalho deve-se, em parte, à diminuição de população em idade activa, que está a causar uma deterioração na competitividade de preços, exigindo um aumento na cadeia de valor. O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) na China estagnou a favor de países mais competitivos (Tailândia, Malásia, Indonésia e Vietname). A contribuição de investimento para o crescimento tornou-se menos significante, como demonstrado pelo abrandamento gradual no crescimento de investimento de capital fixo (11,2% no 1ºT. de 2015), nos lucros das empresas e na produção industrial (6,3% em média por mês entre o início do ano e Julho de 2015, contra 8,3% em 2014).

O consumo está, portanto, a desempenhar um papel mais importante no crescimento. Isto é defendido pelas autoridades Chinesas, que pretendem reequilibrar o crescimento e tornar a economia mais eficiente dando ao mercado um papel mais importante. A longo prazo, é provável que a liberalização financeira da economia Chinesa compense o declínio relacionado com a perda de competitividade de preços, apoiando o consumo e subindo na cadeia de valor. No entanto, a curto prazo, o abrandamento representa riscos para a economia interna e para outros países na região.

 

Qual o risco de contágio para os outros países Asiáticos?
Alto risco de contágio para os mercados financeiros e para a Mongólia

Hong Kong e Singapura estão bastante expostos ao abrandamento na China por duas vias. Em primeiro lugar, através dos seus mercados financeiros, já que a sua bolsa de valores está altamente relacionada com o mercado Chinês e, como consequência os empréstimos bancários transfronteiriços estão expostos à deterioração da fiabilidade creditícia nas empresas Chinesas. Em segundo lugar, através do comércio, porque a proporção das suas exportações para a China em sectores de alto risco é significativa: 74% do PIB em Hong Kong e 15% em Singapura.

A Mongólia também exporta grandes quantidades para a China e é, portanto, provável que sofra com o seu abrandamento e que seja duplamente penalizada com o impacto negativo dos preços (exportação de alto risco representa 43% do PIB). Afectada pela diminuição dos preços das mercadorias, bem como pela redução de investimentos Chineses em sectores relacionados, sofrerá uma diminuição no volume de procura de minerais, metais e combustíveis.

Contágio moderado : Tailândia, Malásia, Indonésia e Vietname

A exposição financeira e comercial neste grupo de países é significativa porque a proporção de exportações para a China é elevada. No entanto, exportações de elevado risco representam menos de 10% do PIB total. São, assim, suficientemente sólidos para evitar a derrapagem do seu crescimento caso a economia Chinesa consiga fazer uma aterragem suave: uma queda de 10% nas exportações destes países para a China levaria a uma redução do crescimento de menos de um ponto nestas economias. Finalmente, estes países beneficiam do declínio de competitividade da China e, consequentemente, apresentam um aumento no investimento estrangeiro directo (IED).

Países com maior imunidade: Índia e Filipinas

As relações comerciais entre estes países e a China são limitadas, tais como os riscos de contágio financeiro. Ambos beneficiam também da diminuição dos preços das mercadorias. A Índia, no entanto, pode sofrer futuramente, através do efeito das repercussões caso os países do Golfo venham a ser afectados pelo abrandamento da China. As Filipinas podem ser afectadas pela baixa diferença salarial com a China. Contudo, apenas um profundo abrandamento nos recentes aumentos nos custos laborais na China pode ter um efeito visível de enfraquecimento no IED nas Filipinas.

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