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2022/14/10
Risco País e Estudos Económicos

O Arrefecimento Na Economia Global – Barómetro 3º Trimestre

O Arrefecimento Na Economia Global – Barómetro 3º Trimestre

Para além das repercussões da guerra na Ucrânia, o aperto monetário global e as múltiplas restrições ao crescimento na China retratam uma perspetiva sombria. A curto prazo, a economia parece estar a instalar-se num regime de "estagflação", ondea ausência de crescimento e o aumento rápido dos preços coexistem. A possibilidade de uma recessão global está, entretanto, a tornar-se mais visível.

 

Neste contexto, a Coface está a fazer revisões gerais em baixa, das suas previsões de crescimento do PIB e das suas avaliações de risco país e risco sectorial. 

Oito países, incluindo Itália, Dinamarca, Suíça, Egipto, e Chile, foram de novo alvo de uma avaliação revista em baixa após as 19 desvalorizações ocorridas no 2º trimestre.

 

As 49 revisões em baixa das avaliações de risco sectorial sublinham a clara deterioração das condições de atividade, em sectores sensíveis ao ciclo económico, como a construção, metais e madeira, numa variedade de geografias.

O inverno e a recessão aproximam-se da Europa

 

A maioria dos riscos mencionados nas nossas publicações anteriores materializaram-se:a crise energética na Europa, a inflação persistente e as restrições monetárias agressivas. O que levou a Coface a rever em baixa as suas previsões de crescimento mundial para 2023: deverá ser inferior a 2% como em 2001, 2008, 2009 e 2020.

 

Embora as previsões de crescimento tenham sido revistas em baixa para todas as regiões do mundo,a Europa é aquela cuja perspetiva mais agravou, com uma recessão que parece inevitável neste Inverno, em todas as suas principais economias. De facto, a crise energética está a intensificar-se e o velho continente prepara-se para uma sobriedade "imposta". Quer tome a forma de uma redução "voluntária" (suspensão de atividades que se tornaram não rentáveis devido aos custos energéticos) ou de racionamento decretado pelos governos,a queda no consumo de energia traduzir-se-á necessariamente numa diminuição da produção e num declínio do PIB. A extensão do declínio dependerá em grande parte da gravidade do Inverno e, a Alemanha, a principal potência industrial do continente, estará na linha da frente.

 

Consequentemente,a maioria das nossas avaliações de risco dos países decaiu este trimestre, uma vez mais, nas economias europeias. A Coface procedeu a 6 revisões em baixa adicionais, nomeadamente para 3 países onde o risco ainda era considerado muito baixo: Dinamarca, Suíça e Luxemburgo. Apenas a Noruega, um país produtor de gás, continua em posição de beneficiar da melhor avaliação de risco.

 

Perante a perspetiva de preços globais da energia persistentemente elevados, quase metade das 49 avaliações de risco sectorial que foram reduzidas, dizem respeito a indústrias com elevados gastos de energia, tais como produtos químicos, papel e metais. No entanto, ao contrário do trimestre anterior, quando a maioria destas desvalorizações se verificou na Europa, desta vez também desvalorizámos estes sectores na maioria das economias asiáticas e, por exemplo, também na África do Sul.

 

Os bancos centrais intensificam a luta contra a inflação persistente

 

Os últimos meses confirmaram a materialização de uma inflação persistentemente elevada e, cada vez mais, generalizada nas economias avançadas e emergentes.

Neste ambiente, os principais bancos centrais permanecem resolutamente agressivose a maioria deles regressou a níveis de taxas de juro de referência não observados na última década. O FED, por exemplo, aumentou a sua taxa de referência 3 vezes seguidas em 75 pontos de base este Verão. Esta agressividade está a levar a um maior aperto monetário noutros países - particularmente nos países emergentes - a fim de travar a depreciação das suas moedas face ao USD.

 

Esta pressão das condições monetárias e financeiras, caso continue ao ritmo atual, ameaçará obviamente o crescimento global e a estabilidade financeira.

 

Três bancos centrais emergentes continuam a prosseguir com políticas monetárias contracorrentes: a Rússia, a Turquia e a China. As autoridades monetárias chinesas baixaram algumas taxas de juro de referência a fim de apoiar a atividade, em resposta à confirmação de um forte abrandamento da economia. A China continua a ser afetada pela estratégia de COVID zero, pela grave seca deste Verão e pela crise no sector imobiliário.  Em particular, as dificuldades do sector imobiliário, que se estima que represente 30% do PIB, contribuirão para que o crescimento da China fique muito abaixo dos padrões das últimas décadas em 2022 (3,2%) e 2023 (4,0%), contribuindo para o acentuado abrandamento global.

 

O aperto monetário generalizado agrava claramente as perspetivas para o sector global da construção. Os preços dos metais industriais e da madeira caíram de forma constante nos últimos meses, e baixaram 20% e 60% respetivamente desde o início do ano, levando a Coface a reduzir a avaliação destes sectores em várias áreas geográficas.

 

Perigo! Objetivos conflituosos entre as políticas fiscais e monetárias

 

Embora os bancos centrais estejam determinados a combater a inflação "a todo o custo ", muitos são confrontados com um conflito de objetivos com a política fiscal do seu país/região. Os governos nacionais, lutando contra a contração da atividade, multiplicaram de facto medidas de apoio ao poder de compra das famílias e ao fluxo de caixa das empresas. O resultado será um cocktail potencialmente explosivo para as finanças públicas: um défice público crescente e custos de financiamento progressivos.

 

 

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