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2023/23/10
Risco País e Estudos Económicos

Barómetro de Risco por País e Sector da Coface - 3º Trimestre de 2023: Macroeconomia posta à prova pela deterioração microeconómica.

Barómetro de Risco por País e Sector da Coface - 3º Trimestre de 2023: Macroeconomia posta à prova pela deterioração microeconómica.
As boas notícias do início de 2023 rapidamente deram lugar a indícios de que o final do ano seria muito menos prometedor.
Para além dos riscos já várias vezes referidos, alguns dos quais continuam a intensificar-se (riscos de estabilidade financeira, social e político), há que ter em consideração que a luta contra a inflação ainda não foi ganha: excluindo a energia, a inflação continua muito acima dos objetivos fixados pelos bancos centrais, enquanto a situação no mercado do petróleo se tornou (de novo) tensa na sequência dos atentados em Israel. Todos os principais indicadores apontam para um abrandamento acentuado da atividade na América do Norte e na Zona Euro no final do ano, e a recuperação da economia chinesa colidiu rapidamente com fragilidades estruturais e com a falta de confiança das famílias e das empresas. Neste contexto, alterámos 7 avaliações do risco-país (2 revisões em alta e 5 revisões em baixa) e 33 avaliações do risco setorial (17 revisões em alta e 16 revisões em baixa), refletindo uma diminuição da estabilidade nas nossas expectativas para os próximos 18 meses, num ambiente que continua a ser altamente volátil e incerto.

 

Rumo a um mundo multipolar

 

Para além da persistência, e mesmo da intensificação, da rivalidade sino-americana, vários acontecimentos significativos dos últimos meses vieram perturbar ainda mais o panorama geopolítico. A expansão do grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para incluir seis novos membros (Arábia Saudita, Argentina, Egipto, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irão), que alguns acreditam marcará o fim da predominância do G7 e, com ele, da ordem mundial do pós-guerra.

 

No entanto, é provável que a capacidade dos BRICS para oferecer uma visão alternativa e tomar medidas concretas para competir com o G7 continue a ser limitada (objetivos não alinhados, tensões entre a China e a Índia).

 

A inflação abranda, mas não com a velocidade esperada.

 

Tal como previsto nos nossos Barómetros anteriores, a inflação continuou a recuar "mecanicamente" nos últimos meses, em grande parte devido aos preços da energia e das matérias-primas, abaixo dos picos atingidos pouco depois da invasão da Ucrânia. A redução da inflação dos bens, associada ao reequilíbrio da procura para o consumo de serviços e ao regresso à normalidade das cadeias de abastecimento, está também em curso. Os sinais de que a inflação está bem enraizada mantêm-se e a inflação subjacente tem vindo a diminuir muito mais lentamente nas economias avançadas. Além disso, os riscos que mencionámos relativamente ao ressurgimento de pressões inflacionistas no final do ano, parecem estar a materializar-se, com os preços do petróleo a apresentarem uma tendência ascendente desde o início do verão.

 

A retórica que se seguiu às decisões do BCE, da Fed e do Banco de Inglaterra (pausa na subida das taxas) sugeriu que, embora o ciclo de aperto possa ter terminado, não são esperados cortes nas taxas nos próximos meses ou mesmo trimestres.

 

Recuperação dececionante - e bastante reduzida - na China

 

A recuperação da China após a Covid tem sido dececionante, com os dados económicos relativos à procura interna e às exportações bastante fracos. A recuperação do consumo, amplamente esperada, foi relativamente fraca, uma vez que as famílias se mostraram cautelosas, e o abandono da política de Covid zero e a subsequente reabertura da economia chinesa apenas conseguiram dar um impulso desigual aos padrões de consumo.

O investimento foi também um motor de crescimento menos importante para a China, uma vez que o sector privado se manteve cauteloso em relação às despesas com investimento (nomeadamente devido ao mercado imobiliário, que continua a ser preocupante).

 

Tranquilidade para os sectores da energia e do agroalimentar na Europa

 

As alterações nas avaliações dos riscos sectoriais neste trimestre verificaram-se sobretudo na Europa, em primeiro lugar nos sectores da energia, agroalimentar e do papel. Estamos a melhorar o sector da energia em todos os países da Europa Ocidental (excluindo a Alemanha), principalmente devido às margens mais elevadas dos produtores de hidrocarbonetos e das refinarias. O sector agroalimentar da região está também a beneficiar de uma dinâmica mais positiva, ao contrário do sector do papel, que regista o maior número de revisões em baixa.

 

Confirma-se o aumento do risco social e político

 

No ano passado, após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Coface alertou para o aumento do risco social devido ao aumento dos preços da energia, bens básicos e géneros alimentícios. Quando atualizámos o nosso indicador de risco político para 2022, reiterámos este aviso. Nesta edição de 2023, do indicador de risco político, as nossas preocupações estão a aumentar. A erosão das condições de vida das pessoas deu origem a novas fontes de frustração.

 

Nos últimos anos, o risco político, nas suas várias formas e países (Sri Lanka, Argentina, Níger, Gabão), tem sido um tema recorrente nas notícias, também para as economias avançadas (Israel, Reino Unido, Estados Unidos). O risco social e político parece estar a aumentar num mundo que se está a tornar cada vez mais incerto e instável devido a alterações na geopolítica mundial e à emergência percetível das alterações climáticas.

 

Em termos de segurança, o número de conflitos aumentou em 2022, com um número de mortos particularmente elevado. Se alguns conflitos serenaram (Afeganistão, Iémen), outros emergiram ou tornaram-se mais intensos, como o de Nagorno-Karabakh, em setembro, que põe em evidência a persistente crise fronteiriça entre a Arménia e o Azerbaijão.

 

Em África, o número de conflitos ativos (estatais e não estatais) no continente quase triplicou desde 2010. Esta tendência está particularmente ligada à luta contra os grupos jihadistas que operam, por exemplo, no Burquina Faso, no Mali, no Níger, no Chade e na Nigéria. Este contexto de segurança agravado no Sahel e as dificuldades em conter a insurreição islamista desde 2020, também desempenharam um papel nas recentes convulsões políticas na região. Depois do Mali e do Chade em 2021, e do Burkina Faso (duas vezes) no ano passado, o Níger sofreu um golpe de Estado este verão.

 

Descarregue o novo Barómetro de Risco País Coface - 3º Trimestre 2023.

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