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2018/03/01
Risco País e Estudos Económicos

Turquia regista um crescimento dinâmico mas está cada vez mais vulnerável a factores externos

Turquia regista um crescimento dinâmico mas está cada vez mais vulnerável a factores externos
  • A economia Turca cresceu substancialmente durante os três primeiros trimestres de 2017, superou largamente as expectativas, apesar dos eventos que o país testemunhou em 2016
  • A economia tem sido apoiada por medidas governamentais, maiores investimentos, aumento das exportações e a recuperação do consumo privado
  • As suas principais vulnerabilidades são o financiamento do défice, o aumento da dependência dos investidores mundiais, a volatilidade das taxas de câmbio e o aumento da inflação

 

O crescimento contínuo ultrapassa as expectativas

 

A economia Turca apresentou um crescimento substancial nos três primeiros trimestres de 2017, um aumento de 7.4% comparado com o ano anterior. Este crescimento foi alcançado apesar da série de eventos que ocorreram no país em 2016. Durante o terceiro trimestre de 2017, a economia registou um crescimento de 11.1%, relativamente ao ano anterior – o ritmo mais rápido de todas as economias do G20. O crescimento rápido tem sido impulsionado principalmente pelo apoio do governo, por um maior investimento, pelo crescimento das exportações e pela recuperação do consumo privado.

 

Um dos maiores impulsos na economia foi o aumento do Fundo de Garantia de Crédito (CGF, com o qual o governo apoia as pequenas e médias empresas) para quase $64 mil milhões de dólares (250 mil milhões de Liras). O CGF torna o estado "o fiador" efectivo para as aplicações de crédito.

 

Os investimentos também cresceram, aumentando 7,9% nos primeiros 9 meses de 2017 (2,7% no mesmo período de 2016). Os investimentos globais foram liderados por uma subida de 12% na construção durante o terceiro trimestre e, mais importante, por um aumento de 15,3% no investimento em máquinas e equipamento (o principal indicador da crescente capacidade de produção). O consumo privado registou um sólido aumento, principalmente em relação aos bens de longa duração, reflectindo o impacto positivo que os cortes fiscais generalizados sobre os produtos, como bens de consumo e mobiliário, tiveram na economia.

 

As exportações de bens e serviços, que aumentaram 13% durante os três primeiros trimestres de 2017, apoiaram fortemente a economia. A contribuição do comércio para o crescimento do PIB foi de 1,4 pontos percentuais nos três primeiros trimestres. A recuperação da Europa continua a impulsionar o desempenho das exportações da Turquia. A produção teve um bom desempenho, com uma aceleração nas atividades industriais e na construção, assim como no sector de serviços.

 

Nesta conjuntura positiva, espera-se que o crescimento do consumo privado se mantenha durante o primeiro semestre de 2018. Além disso, as próximas eleições presidenciais e parlamentares de 2019, podem encorajar o governo turco a introduzir novas medidas  no final de 2018, a fim de apoiar a actividade económica antes das eleições.

 

Vulnerabilidades Externas devem ser tidas em consideração

 

Apesar das previsões positivas, a falta estrutural de poupanças na Turquia continua a ser uma grande ameaça para a economia nacional. O programa governamental CGF incentivou os bancos a emprestar, levando o rácio de empréstimos sobre depósitos para 125%, durante a segunda metade de 2017. Além de afetar os riscos bancários, esta situação também acentua os desafios relacionados com as taxas de câmbio, tornando a Turquia mais vulnerável à volatilidade da moeda e diminuindo a confiança dos investidores. Estes factores, podem limitar directamente os investimentos estrangeiros nos próximos anos.

 

O problema das taxas de câmbio na Turquia está relacionado com o financiamento do deficit, já que este é amplamente financiado por entradas de capital de curto prazo. Se os investimentos estrangeiros diretos, que são relativamente baixos, fossem contratados, a Turquia ficaria mais dependente do capital de curto prazo para financiar o seu défice externo. Isto aumentaria a dependência do país em relação à globalidade dos investidores financeiros e intensificaria a sua vulnerabilidade às alterações das taxas de câmbio.

 

Entre outros desafios potenciais, a Turquia deve ter cuidado com o aumento das taxas de juros sobre os empréstimos bancários, uma vez que isso representa um risco importante para a dinâmica do investimento no país. Os elevados níveis das taxas de juros que o país atingiu podem prejudicar a gestão do fluxo de caixa no sector empresarial e afectar negativamente o entusiasmo de novos investidores.

 

Perante este contexto económico, a inflação provavelmente continuará a aumentar, devido à fragilidade da Lira Turca face ao dólar americano e ao euro. A depreciação da Lira contra estas duas moedas desde Setembro, irá, provavelmente, aumentar a inflação, tanto em termos de preços de consumidor como de produtor. Os preços elevados e o aumento dos impostos, juntamente com uma lira mais fraca, também podem afectar o consumo privado, reduzindo o poder de compra. 

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