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2014/02/10
Risco País e Estudos Económicos

O incentivo da “cenoura e do pau”: desafios futuros para a economia chinesa

O incentivo da “cenoura e do pau”: desafios futuros para a economia chinesa

Desde o início do ano, que o governo chinês mantém os seus esforços para implementar várias medidas na agenda das reformas, particularmente aquelas que dizem respeito ao aperfeiçoamento da estrutura da economia chinesa. Enquanto a procura interna se mantém controlada, o mercado da habitação continua muito lento e o excesso de produção permanece em alguns sectores, é pouco provável que a China venha a alcançar o seu objectivo de crescimento de 7.5%. A Coface espera que o crescimento do PIB chinês possa alcançar 7.4% em 2014, face ao maior apoio político observado.

 

 

Crescentes crédito malparado e custos de financiamento

 

Considerando a qualidade do crédito, alinhado com os resultados do nosso relatório relativo aos prazos de pagamento entre as empresas na China, publicado no início deste ano, o crédito malparado tem vindo a crescer na China, sendo o seu montante absoluto de 28.7%, face ao ano anterior, na primeira metade de 2014 (Anexo 1). As tendências macro observadas durante a primeira metade de 2014 estão em consonância com as nossas expectativas para a economia chinesa. Por um lado, o crescimento estabiliza, por outro, os intervenientes da indústria, particularmente empresas pequenas, enfrentam uma crescente pressão devido ao custo de financiamento e ao abrandamento no crescimento da procura.

 

“O crescente crédito malparado está a causar preocupações sobre a qualidade dos empréstimos, enquanto o custo de financiamento, permanece uma preocupação para vários sectores e empresas mais pequenas que não têm acesso às facilidades de crédito. Consequentemente, com o indicador da inflação sob controlo, um corte nas taxas de juro de base ampla poderia aliviar a pressão financeira das empresas e aproximar o crescimento do objectivo do governo de 7.5%.”afirmou Rocky Tung, economista da Coface para a região da Ásia-Pacífico.

 

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Mercado imobiliário lento e problemas de excesso de produção
 

“O ponto fraco da economia chinesa na primeira metade de 2014 foi o sector imobiliário, que enfrentou obstáculos bastante significativos durante este período e para o qual não se espera qualquer alteração na segunda metade do ano. A pressão do preço e o nível de dívida dos promotores imobiliários são preocupações crecentes, e com um elevado nível de inventário para ser assimilado, a perspectiva a curto-prazo para o sector mantém-se negra”.Afirmou Rocky Tung.

 

Entretanto, a importância do sector imobiliário dentro da economia chinesa é significativa e o seu colapso deve ser evitado. A procura a médio-prazo vai continuar a ser conduzida pelo plano de urbanização do governo, que se vai focar mais na qualidade, em vez do volume de investimento.

 

A indústria metalúrgica continua com um desempenho fraco devido aos problemas de excesso de produção aliados à procura mais reduzida do que o habitual, o que prejudica ainda mais a rentabilidade. O sector da energia, que utiliza o carvão como matéria principal, também está a experienciar um baixo crescimento na procura, enquanto a generalidade da economia abranda. É provável que a pressão nos preços faça com que o nível de risco aumente, o que desgasta a rentabilidade e acarreta dificuldades financeiras. No início do ano, enquanto houve optimismo, o sector madeira-papel experienciou tendências de preço baixas, e a procura final viu o crescimento diminuir – mas, tal como a determinação do governo em levar a cabo a consolidação da indústria e a eliminação da produção avança, a dinâmica da oferta-procura poderá verificar melhorias em 2015 e anos vindouros.

 

 

Crescimento lento no Mercado dos bens de consumo

 

À semelhança do sector de consumo na China, a perspectiva a médio-prazo continua a ser boa, tendo presentes os desafios a curto-prazo. Seguindo “à boleia” da classe média emergente, de um maior número de pessoas na categoria de idade activa, com crescentes padrões de vida e melhores canais de comércio de distribuição, o mercado de consumo na China vai continuar a ganhar ritmo enquanto motor de crescimento da economia a médiob prazo. Contudo, em conjunto com o esquema anticorrupção, a fraca taxa de crescimento do rendimento moldou um tecto para o mercado potencial a curto-prazo, que está alinhado com a nossa perspectiva de que o crescimento económico na China está a desacelerar.

 

Enquanto vários aspectos da reforma estão em curso, o crescimento não está de todo esquecido. Com vários sinais a demonstrar um momento de crescimento bastante tímido este ano, acredita-se que o governo deverá introduzir estímulos mais fortes que sustentem o crescimento económico. Espera-se, mais especificamente, a continuação dos estímulos direccionados. Além disso, um possível corte nas taxas de juro, iria diminuir directamente os custos de financiamento e estimular o consumo. Contudo, o Banco Popular da China teria que equilibrar o potencial risco de crédito induzido pela flexibilidade da situação monetária.

 

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