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2015/29/10
Risco País e Estudos Económicos

O futuro da energia solar na Europa: energia fotovoltaica

O futuro da energia solar na Europa: energia fotovoltaica

Pontos-chave:

  • Do rápido desenvolvimento da energia fotovoltaica em 2006, ao colapso da bolha especulativa em 2011 com o fim dos subsídios públicos;
  • Forte domínio das empresas Chinesas
  • Capacidade excedentária na Europa
  • Apesar de tudo, trata-se de um mercado promissor a médio prazo

 

Do auge ao colapso

Embora a energia fotovoltaica seja responsável por apenas 5.3% do consumo total de electricidade na Europa, este sector beneficiou dos movimentos mundiais a favor de um consumo energético mais ecológico. Entre 2004 e 2012 a produção de electricidade Europeia a partir de energia fotovoltaica aumentou exponencialmente, de 0.7 para 62.4 mil milhões de KWh. Este crescimento foi liderado pela Alemanha, Espanha e Itália, onde estavam localizadas 80% das instalações fotovoltaicas Europeias. A súbita expansão da energia fotovoltaica foi possível através de políticas governamentais favoráveis (com sistemas de apoio renováveis e subsídios), conjugada com a acentuada e continuada queda no preço dos equipamentos instalados, em resultado da concorrência Chinesa. A Europa era líder na altura, sendo responsável por 75% da produção mundial em 2012.

O declínio na energia solar foi tão repentino quanto o seu crescimento. A ruptura da bolha em 2011 foi precedida pelo fim dos subsídios nacionais e Europeus, na sequência da multiplicação de projectos especulativos, acompanhada por uma guerra de preços dos painéis. As sucessivas crises económicas também debilitaram as empresas, que apresentaram resultados em declínio. Como consequência, as empresas insolventes no sector atingiram o auge na Europa entre 2011 e 2012. Em França, por exemplo, o número de insolvências quase triplicou.

Consequentemente a Europa, que por um longo período liderou o desenvolvimento da energia fotovoltaica devido aos compromissos e instalações existentes, foi ultrapassada pela Ásia, que tem agora 60% das instalações. Os economistas da Coface consideram que este abrandamento é temporário e permanecem optimistas acerca da posição da energia fotovoltaica no cabaz energético Europeu a médio prazo.

A curto prazo: o problema do excesso de capacidade de produção de electricidade na Europa

A curto prazo, o crescimento das energias renováveis em geral, e particularmente da fotovoltaica, arrisca-se a ser travada pelo excesso de capacidade de produção de energia na Europa.

O declínio pós-crise na actividade industrial provocou um forte declínio na utilização da electricidade a partir de 2010. Esta situação levou a um excesso de capacidade e reduziu os preços do mercado grossista da electricidade, causando um impacto ainda maior sobre os fornecedores cujos preços fixos já eram elevados. Simultaneamente, o problema de excesso de capacidade foi ampliado pelo desejo do público em geral de avançar para uma utilização energética mais ecológica, favorecendo a poupança de energia. Como resultado, a amortização de custos relacionados com despesas de capital passadas tornou-se um fardo pesado, uma vez que os ganhos dos operadores “tradicionais” caíram.
Este excesso de oferta e falta de interligações entre os países Europeus, tornam o sector de produção de energia menos atractivo.

Médio prazo: independência energética para a Europa

A médio prazo, parece provável que o sector da energia fotovoltaica recupere, principalmente devido à integração energética Europeia. O problema de irregularidade, devido à diferença na intensidade da luz solar, poderá ser ultrapassado. O que permitiria também o desenvolvimento de novos sistemas de armazenamento e levaria a ajustes contínuos no fornecimento de energia e na procura entre as várias redes. O actual objectivo de desenvolvimento de 10% de interligações da União Europeia (em termos de consumo anual), com um custo estimado de 150 mil milhões de Euros, somente foi atingido pela Alemanha e França no grupo dos cinco países estudados.

“Para as empresas, as boas perspectivas do sector a médio prazo deverão beneficiar os serviços relacionados com a manutenção de painéis solares. Em grande medida, o fabrico de painéis irá permanecer principalmente em mãos estrangeiras, mesmo que a Alemanha consiga, através de automatização, reduzir os preços ao nível dos praticados pelos Chineses”, explicou a economista da Coface Khalid Aït Yahia.

Por fim, existem questões relacionadas com a conferência sobre alterações climáticas COP21. Estas incluirão a melhoria de acesso à energia renovável, apoiando o desenvolvimento internacional e criando oportunidades de mercado significativas. Os objectivos já existem na Europa: as emissões de gases com efeito estufa devem ser reduzidas em mais 20% até 2020, representando uma redução de 40% desde 1990. Esta redução é equivalente ao encerramento de 400 centrais eléctricas. Novas medidas podem ser introduzidas por um efeito tesoura: o custo das fontes tradicionais de energia subirá, enquanto o preço da energia fotovoltaica diminui, o que reduzirá os custos de instalação e, no fim, tornará os investimentos mais rentáveis.

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Alina BORDALO

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