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2014/22/12
Risco País e Estudos Económicos

Insolvências empresariais em França: uma diminuição limitada

Insolvências empresariais em França: uma diminuição limitada

O número de insolvências empresariais ao longo dos últimos 12 meses fixou-se em 63.002 empresas no final de Outubro. A Coface registou uma queda de 0,9% ao longo do ano. O mês de Outubro, historicamente um mês catastrófico, não registava este nível de insolvências desde 2010. A resistência do consumo das famílias e a reestruturação de determinados sectores fizeram flutuar esta ligeira retoma – dentro de um contexto ainda bastante frágil. Contudo, notamos uma certa alteração no tipo de empresas em incumprimento. Em 2015, é expectável uma nova redução no número de insolvências em França mas, apenas mais modesta.

 

O nível mais baixo de insolvências de empresas registado desde Agosto de 2013

 

Esta ligeira queda deve-se a vários factores. O consumo privado tem resistido durante os últimos meses e, apesar de um aumento contínuo do desemprego, subiu 0,6% no terceiro trimestre de 2014, face ao ano anterior. A concessão de crédito a empresas não-financeiras também acelerou ligeiramente (+0.8% taxa anual no final de Outubro), e o volume de exportações de bens alimentares e serviços está estabilizado (+2% no terceiro trimestre).

 

A fragilidade das empresas criadas e registadas até ao final de 2012, também contribuiu para limitar o número de insolvências possíveis (a Coface considera que o risco de incumprimento de uma empresa é maior durante os seus primeiros três anos de existência). Finalmente, alguns sectores foram reestruturados, particularmente através de contínuas consolidações, que limitam o número de empresas mais fragilizadas. É este o caso dos sectores automóvel e do transporte.

 

Disparidade entre os sectores mas uma tendência para a fragilidade

 

As insolvências no sector da construção caíram 0.8% (no final de Outubro de 2014). Contudo, esta melhoria esconde o aumento massivo nos custos relacionados (acumulação de dívidas por pagar das empresas em incumprimento) de 51%. O sector sofre de uma redução nas despesas das famílias, no que respeita a trabalho secundário e excesso de prudência no investimento.

 

O sector da indústria alimentar tem registado aumento um preocupante nas insolvências.

“O aumento da concorrência entre os distribuidores fez com que os mesmos reduzissem os preços. Os produtores devem, portanto, reduzir as suas margens para sobreviver e é o ramo da empresa na cadeia de valores que fica mais prejudicado”,afirma Guillaume Baqué, economista da Coface. “Logo, as insolvências no sector de indústria alimentar aumentaram cerca de 2.7% em Outubro, face ao ano anterior.”

 

O excesso de prudência nas despesas das famílias afecta o estado de saúde das empresas ao serviço dos particulares. As insolvências no sector aumentaram 1.1% no final de Outubro de 2014. Inversamente, o sector químico beneficiou da queda do preço do petróleo nos últimos meses, registado a descida mais elevada (-9.2%).

 

As novas características inerentes às empresas em incumprimento

 

A Coface registou que a idade das empresas em incumprimento tem aumentado desde o início de 2009. A idade média das empresas em incumprimento era de 8 anos a 7 meses em Outubro de 2014, comparando com 7 anos no seu nível mais baixo no final de 2008.

 

"As crises económicas e financeiras revelam as vulnerabilidades das empresas com mais maturidade”, explica Guillaume Baqué. “Para as empresas mais antigas, uma velocidade normal de crescimento na economia pode fazer com que algumas delas vivam sob o domínio do passado. Neste contexto, tais empresas não estão dispostas a inovar, desenvolver o seu negócio ou reduzir a concentração da sua carteira de clientes. Devido a esta situação, as empresas ficam frágeis perante uma crise.”

 

Além disso, embora as microempresas representem mais de 92% das insolvências empresariais registadas, as grandes e médias empresas também têm sido muito afectadas.

“Nos últimos dois meses, 28 das grandes e médias empresas estão entre as 100 maiores insolvências de 2014 – comparando com as 12 observadas durante o mesmo período em 2013”,especifícaGuillaume Baqué.

 

Um clima económico ameno para 2014 e 2015
  • A Coface espera um crescimento do PIB de 0.4% em França para 2014. O crédito para as empresas não-financeiras têm vindo a progredir, tal como o clima empresarial, nos últimos dois meses. Além disso, a taxa moderadora de criação de empresas entre 2012 e 2013 levou a Coface a esperar um decréscimo no número das insolvências para 62.800 (i.e. -1.2% comparando com 2013)
  • Apesar de possivelmente haver um clima económico mais favorável em 2015, com um crescimento do PIB de 0.8%, o número mais elevado de criação de empresas em 2014 (+9.8% no final de Outubro de 2014 desde Dezembro de 2012), bem como, a débil orientação económica dos indicadores no sector imobiliário (32.5% das falências), levou a Coface a prever 62.500 insolvências em 2015 (i.e. uma ligeira contracção de -0.5% comparando com 2014.)
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