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2016/03/10
Risco País e Estudos Económicos

Estudo sobre o comportamento de pagamento das empresas em Marrocos: os prazos de pagamento estão a dilatar, enquanto a economia nacional está a ab...

Estudo sobre o comportamento de pagamento das empresas em Marrocos: os prazos de pagamento estão a dilatar, enquanto a economia nacional está a ab...

 

  • A economia Marroquina deve enfrentar um abrandamento na sua actividade devido ao fraco desempenho do sector agrícola em 2016
  • Apesar dos sectores não agrícolas da economia mostrarem resiliência, os prazos de pagamento para todos os sectores estão a prolongar-se e as empresas inquiridas prevêm que a actividade estagne.
  • Os resultados de 2016 mostram que as pequenas empresas têm prazos de pagamento mais curtos do que as grandes empresas
  • Os atrasos de pagamento continuam a ser um enorme obstáculo ao emprego e ao investimento

 

A economia Marroquina está a abrandar mas a procura e os investimentos resistem

 

A taxa de crescimento de Marrocos abrandou em 2016, depois de registar um aumento de quase 4,5% em 2015. A queda de mais de 70% na produção de cereais, entre 2015 e 2016, irá provavelmente limitar o PIB do país para uma taxa de crescimento de apenas 2% este ano. Este abrandamento surge no primeiro trimestre e continua no segundo trimestre, com uma taxa de crescimento anual de 1,4%. Contudo, enquanto a agricultura contribui para uma contracção do valor, os sectores não agrícolas contribuiram com um aumento do valor acrescentado de cerca de 2,5% em ambos os trimestres.

 

Em 2015 a Coface inquiriu 208 empresas Marroquinas sobre o comportamento de pagamento e as tendências globais. Os resultados desse inquérito revelou que as empresas Marroquinas estão a percepcionar um abrandamento na economia nacional. Neste estudo de 2015, mais de metade das empresas inquiridas (55%) tinham uma percepção de estagnação na actividade e 28% de deteriorização do ambiente empresarial, enquanto que 39% esperavam desenvolvimentos positivos.

 

A procura continua a desempenhar o seu papel de força motriz para a actividade. O consumo privado cresceu cerca de 2,7% no primeiro trimestre de 2016 (2,3% em 2015) e depois diminuiu ligeiramente no segundo trimestre.

 

Em 2016, o investimento deve aumentar cerca de 5%, face ao ano anterior. Esta tendência é também observada no inquérito, com 52% das empresas com intenções de investir.

 

Foco na agricultura, indústria e sector de serviços

 

O sector agrícola continua a manifestar um declínio significativo de cerca de 12,1% no segundo trimestre de 2016, após uma queda de 9% no primeiro trimestre. As condições climáticas desfavoráveis conduziram a uma queda de 70% na produção de cereais, o que foi apenas parcialmente compensado pelo aumento da produção agroindustrial de vegetais. Contudo, graças a um bom desempenho do segmento da pesca, o declínio do PIB agrícola foi limitado.

 

As indústrias transformadora e extractiva registaram um ligeiro aumento no segundo trimestre de 2016 de 3,2%, após um aumento de 2,9% no primeiro trimestre. Esta evolução positiva pode ser principalmente atribuída às melhorias de desempenho nas indústrias agro-alimentar, mecânica e química.

 

O sector de serviços registou uma taxa de crescimento de 2% no primeiro trimestre de 2016, uma melhoria face aos 0,9% registados durante o mesmo período, em 2015. Com a excepção dos serviços relacionados com actividades financeiras e seguros (que diminuiram 0,3%), outros sectores de actividade terciários alcançaram um crescimento positivo.

 

 

Os prazos de pagamento estão a dilatar: as empresas Marroquinas sofrem com a desaceleração

 

Em 2015, mais de 30% das empresas inquiridas receberam pagamentos entre 30 a 60 dias a partir da data da factura. Esta percentagem de resposta diminuiu para 24% este ano.

 

O número de empresas que experienciaram prazos de pagamento superiores a 90 dias aumentou, especialmente para aquelas pertencentes ao sector público.

 

As empresas do sector privado em Marrocos demonstram grande estabilidade, uma vez que os prazos de pagamento permanecem constantes para 48% dos inquiridos. Todavia, a percentagem de empresas que percepciona uma melhoria no comportamento de pagamento é significativamente baixa. Este inquérito também revela que as empresas com os prazos de pagamento mais longos são aquelas que mais percepcionam a estagnação na actividade. A percentagem destas empresas ascende aos 55% da amostra em 2016, face a 40,3% em 2015.

 

Os prazos médios de pagamento variam de acordo com o sector de actividade das empresas. O retalho, assim como a construção e o sector público, são caracterizados por prazos de pagamento que excedem os 90 dias (mais de 57% para o comércio e retalho e 55% para a construção civil e obras públicas). Outros sectores, como a prestação de serviços e o sector agro-alimentar, relataram prazos de pagamento de menos de 90 dias (e ainda menos de 60 dias para o sector agro-alimentar). A construção e o sector público estão entre aqueles, cujo prazo de pagamento alterou significativamente entre 2015 e 2016. Esta deterioração afectou principalmente a liquidez das empresas.

 

O sector do comércio e retalho também sofreu atrasos prolongados nos pagamentos, com um aumento de 23% no número de empresas que registaram uma média de prazo de pagamento superior a 120 dias.

 

O sector de prestação de serviços às empresas (o terceiro maior grupo na amostra do inquérito), continua entre os poucos sectores que beneficiaram de uma melhoria nos prazos médios de pagamento. Este sector verificou um aumento de 3,8% no número de empresas com uma média de prazos de pagamentos inferiores a 30 dias, enquanto o número de empresas que, previamente, registaram prazos de pagamentos a exceder os 120 dias, diminuiu 5,6%. Os pagamentos em atraso são inferiores aos da amostra global e 20% das empresas prestadoras de serviços também registaram melhorias na sua liquidez financeira. No entanto, apesar de uma ligeira melhoria nos prazos de pagamento, provavelmente o sector será afectado pela estagnação da economia Marroquina em 2016, com 56% das empresas a esperar que a actividade económica não progrida.

 

 

As maiores empresas e o sector da construção: prazos de pagamento tendem a deteriorar-se

 

Enquanto os prazos de pagamento revelam uma deterioração, observamos uma melhoria no número de dias de atraso. O aumento na percentagem de atrasos inferiores a 30 dias pode ser explicado pela entrada em vigor da legislação (decidida em 2014) relativa aos períodos de pagamento. No que diz respeito aos atrasos de pagamento por dimensão das empresas, as grandes empresas tendem a acumular pagamentos de longo prazo. Por sector, as empresas de construção e os segmentos de prestação de serviços registam os maiores atrasos em termos de dias

 

Durante este estudo, a Coface analisou o impacto das facturas vencidas na saúde financeira e perspectivas futuras das empresas. Quanto mais curto o período de atraso de pagamento nas empresas maior é a melhoria na sua liquidez financeira. Igualmente, a situação financeira das empresas que relatam atrasos superiores a 30 dias deteriorou. Por fim, as perspectivas de liquidez permanecem estáveis para várias empresas, apesar dos atrasos. Isto poderá significar que as empresas estão a levar em consideração o comportamento de pagamento dos seus clientes e a tomar medidas para possíveis atrasos.

 

Os atrasos de pagamento, assim como a prorrogação dos períodos de pagamento, reduzem a capacidade das empresas investirem. Quando as empresas são questionadas sobre as razões que as impedem de investir, aquelas que apresentam os maiores atrasos salientam os problemas financeiros. Aquelas cuja média de dias de atraso está entre os 30 a 60 dias referem as perspectivas económicas negativas como o principal factor.

 

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