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2016/03/06
Risco País e Estudos Económicos

Está a economia Francesa definitivamente a melhorar?

Está a economia Francesa definitivamente a melhorar?

 

  • Diversos Indicadores do primeiro trimestre (crescimento, consumo privado, investimento), apelam ao optimismo
  • O único senão no cenário: a queda das exportações, devido ao abrandamento dos mercados emergentes e à falta de competitividade
  • Uma melhoria acentuada na taxa de insolvência ( -3.2% esperados em  2016), excepto no sector do vestuário têxtil e na região Ile-de-France
  • 50% dos sectores de actividade melhoraram
  • Transporte Rodoviário perturbado por um fosso enorme de desigualdade competitiva

 

Actividade económica suportada pelo consumo privado mas afectada pelas exportações

Foram registados, entre Janeiro e Abril de 2016, um número de indicadores positivos para a economia francesa. O crescimento estável, que teve início em 2014 (+0.6% no 1ºT de 2016 face ao 4ºT de 2015) conseguiu ganhar um ritmo mais rápido, conduzido pelo consumo privado. As despesas do consumo privado (+1.2%) atingiram um número recorde desde 2004 e o investimento excedeu também as expectativas. Pela primeira vez desde 2012, os investimentos corporativos contribuiram positivamente para o crescimento deste ano, impulsionados por novas medidas governamentais para reduzir as taxas e baixar o preço do petróleo. A Coface prevê um crescimento económico de 1.6% em França em 2016 e de 1.3% em 2017.

 

Apenas o comércio exterior está a ter peso na actividade económica. Apesar das importações terem aumentado no 1ºT (+0.5%), as exportações desceram (-0.2%), devido ao abrandamento da actividade económica entre os mercados emergentes, particularmente pela recessão antecipada no seio de certos países BRICS. Em conjunto com esta situação, uma fraqueza estrutural é responsável pelo declínio da França no mercado global de exportações (3.5% desde 2011). A França tem apenas um terço das empresas exportadoras que existem na Alemanha, num universo com um número de empresas muito similar. Para além disso, em cada dez exportadores franceses, apenas três estarão a exportar um ano mais tarde e, após três anos de actividade, apenas uma empresa.

 

Em termos de competitividade de preços, a França tem um desfasamento face a Espanha e a Itália, que beneficiam de preços unitários significativamente mais baixos. Em termos de competitividade não relacionada com os preços, a França possui um diferencial em relação à Alemanha, com 41% de produtos finais exportados (aeroespacial e defesa, bens luxuosos e vinho), em comparação com 48%. A médio prazo, os investimentos corporativos irão aumentar a qualidade das exportações, apesar de serem necessários muitos anos para colmatar esta discrepância.

 

 

 Insolvências e sectores de risco estão a regressar aos valores normais

 

A recuperação económica está claramente a reflectir-se na diminuição do número de insolvências e numa rápida melhoria do risco sector.

 

A taxa de insolvência das empresasestá a regressar aos valores normais. De acordo com o modelo de previsão da Coface, o número de insolvências irá diminuir 3.2% em 2016. No final de Abril de 2016, comparativamente com o ano anterior, registou um total de 58.846 (-4.3%), para um custo de quase 3.35 biliões EUR (‑8.6%) e o número de empregos ameaçou baixar para os 2.4%. Mais encorajadora, a tendência positiva afecta as empresas de todas as dimensões e é particularmente mais acentuada em empresas de maior dimensão (-21.5%). A média do volume de negócios apresentado pelas empresas em insolvência também caiu para os níveis da pré crise (EUR 591.800). As insolvências cresceram apenas na região central de França (+2.9%) e na região de Ile de França (+3.0%). O pico na região de Ile de França que contabiliza 21% do total nacional, é em parte devido aos ataques terroristas de Novembro de 2015, uma vez que a tendência começou a aumentar antes dessa data e diz respeito a uma ampla série de sectores como o turismo, hotéis e restaurantes.

 

Em termos de risco sector,a tendência é suficientemente positiva para beneficiar seis dos doze sectores de actividade analisados pelos economistas da Coface.

 

  • Graças a um consumo privado estável, o sector do retalho é o primeiro sector francês a ser incluído na categoria de “risco baixo”;
  • Os sectores automóvel, farmacêutico (tal como ao nível europeu em Abril), químico e transportes foram actualizados para a categoria de “risco médio”;
  • Uma vez que o sector da construção está em recuperação, o mesmo foi retirado da categoria “risco muito elevado” e actualizado para “risco elevado”.

 

Contudo, há um sector que foi revisto em baixa. Trata-se do sector têxtil e vestuário que está agora classificado como “risco elevado”. O sector vestuário, que representa 85% das insolvências no sector (+6% no final de Abril), é a causa principal esta revisão em baixa, devido à elevada competição e ao forte crescimento das vendas online.

 

Transporte rodoviário de mercadorias: pouca visibilidade

 

Apesar do sector dos transportes ter melhorado (foi actualizado para a categoria “risco médio”), o transporte rodoviário de mercadorias apresenta-se mais incerto no médio prazo. Ultimamente, o transporte rodoviários de mercadorias beneficiou dos baixos preços das matérias-primas e de uma procura mais estável, impulsionado pela recuperação do sector da construção e por uma melhoria da indústria dos transportes marítimos. As poucas e maiores empresas deste sector, que mesmo assim representam quase 80% do negócio, aproveitaram a oportunidade para fortalecer as suas posições e aumentar a pressão sobre os seus concorrentes mais pequenos. Estas empresas mais pequenas foram obrigadas a aumentar os lucros provenientes dos baixos custos de energia directamente para os seus preços de venda. 

  

Como o sector é composto maioritariamente por empresas pequenas e mais vulneráveis, a taxa de insolvência depende sobretudo do impacto da legislação futura (a lei Macron) no que diz respeito a salários e a tendência imprevisível dos preços do petróleo. Apesar do número de insolvências no sector estar a diminuir, a criação de muitas novas empresas no princípio do ano prenuncia um potencial pico para 2019.

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