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2014/15/07
Risco País e Estudos Económicos

Brasil: Reduzida a avaliação para A4 - a economia caminha para um ano de ajustes em 2015.

Brasil: Reduzida a avaliação para A4 - a economia caminha para um ano de ajustes em 2015.

O Brasil não aproveitou a próspera economia do passado para efectuar as importantes reformas necessárias para modernizar as suas infra-estruturas e melhor o clima empresarial do país. Em termos de eficiência do mercado, o país encontra-se numa posição muito débil, apesar do seu potencial em termos de volume de mercado. A indústria local registou margens limitadas devido aos elevados custos de transporte, de energia e dos salários. Competir com os produtos importados foi um grande desafio para empresários de diferentes sectores.

 

Os analistas da Coface prevêem uma considerável desaceleração do PIB em 2014 (de 2.5% em 2013 para 1.3% em 2014), devido ao lento progresso do consumo doméstico, às perdas de investimento e a uma balança comercial frágil. A Coface considera 2015 como um ponto de viragem, para impulsionar o PIB a médio prazo.

 

 

2014: poucas expectativas para os negócios durante os próximos meses

 

Após um crescimento marginal de 0.9% em 2012, o PIB brasileiro registou uma ligeira melhoria, superior a 2.5% em 2013. A actividade foi impulsionada, principalmente, por uma recuperação do investimento que registou um aumento anual de 6.3%, depois de uma descida de 4% observada em 2012. Apesar desta melhoria, os investimentos no país mantêm-se bastante escassos, representando apenas 18.4% do PIB em 2013. 

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Durante muitos anos o crescimento do país foi impulsionado pelo consumo das famílias, que na última década ultrapassou o PIB em muitas ocasiões. O surgimento de uma nova classe média e a facilidade de acesso ao crédito, contribuíram para este cenário, mas este modelo parece ter-se esgotado. As taxas de juro aumentaram, bem como, a pressão sobre a inflação, e os salários reais crescem a um ritmo mais lento.

 

O ano 2014 ficará marcado pela pouca actividade e pela inflação elevada. Devido à Copa do Mundo e às eleições presidenciais, o calendário de dias úteis será mais curto no Brasil este ano. A Copa do mundo beneficiou apenas alguns segmentos específicos, como o turismo, os restaurantes e o têxtil. Por outro lado, muitas indústrias e serviços foram obrigados a reduzir a sua actividade nos dias dos jogos, devido às infra-estruturas do transporte não serem suficientes para absorver o elevado número de utilizadores.

 

É expectável que os empresários adiem os seus investimentos durante o segundo trimestre de 2014. Desconhece-se, contudo, se os investimentos voltarão a ganhar impulso em 2015. O próximo governo terá que utilizar medidas restritivas para voltar a controlar a inflação. 

 

“Para 2014 esperamos um cenário menos próspero em termos de PIB – no melhor dos cenários de 1.3%. O Brasil já começou 2014 a ser desclassificado pelas agências de rating. Em Março deste ano, a Coface baixou a classificação do Brasil de A3 para A4. A elevada percepção do risco do país deve-se à deterioração das contas públicas, à escassez de investimentos, à elevada inflação e à falta dinamismo da actividade económica”, afirma Patricia Krause, Economista da Coface para a região da América Latina.

 

As indústrias vão continuar a enfrentar momentos difíceis

 

  • Sector Químico - provavelmente permanecerá com uma classificação de elevado risco, devido à falta de competitividade. As tarifas de energia vão aumentar e não se espera que a dependência do gás natural importado vá regressar no médio-prazo. Os investimentos vão permanecer escassos, devido à falta de confiança dos investidores e aos aumentos nos custos de investimento (taxa Selic mais elevada).

 

  • Sector Automóvel – teve um início de ano difícil. O aumento dos impostos, as novas normas de segurança e as restrições do mercado na Argentina, afectaram seriamente esta indústria. Apesar desta deterioração, a Coface considera o sector com risco médio, devido ao seu elevado poder de negociação e à sua importância fiscal. Espera-se que o governo crie um incentivo a curto-prazo para atenuar o abrandamento da actividade.

 

  • Sector Agrícola – espera-se que experiencie um ligeiro crescimento em 2014, devido à estabilização dos preços e ao aumento marginal nas colheitas de 2013/14. O contexto é de risco médio, sem restrições climatéricas significativas e com uma maior oferta de crédito. Por outro lado, as taxas de juro mais elevadas e a deficiente infra-estrutura dos portos podem ter um efeito adverso sobre a rentabilidade.

 

  • Sector Siderúrgico – como em muitas outras partes do mundo, dependerá do nível de produção na China. A Coface espera que se mantenha o excesso de oferta no ano 2014, e portanto, os preços do aço não vão aumentar a curto prazo. Posto isto, a rentabilidade dos produtores de aço permanecerá a um nível baixo.

 

  • Sector Retalhista – espera-se que cresça acima do PIB, mas não a um ritmo tão elevado como anteriormente. Os rendimentos mais baixos nos salários reais e as taxas de juro mais elevadas também são uma influência negativa neste sector. Ainda assim, é expectável que alguns segmentos superem-se em 2014, como por exemplo, os televisores, os smartphones e os tablets.

 

 

2015: Um ponto de viragem?

 

As previsões para 2015, ainda apresentam uma taxa baixa de PIB e uma contínua aceleração da inflação. Apesar disso, a Coface estima um ano de ajustes, com os preços administrativos a regressarem ao equilíbrio. Isto poderá ter um efeito adverso na actividade a curto prazo, mas irá recuperar a confiança dos investidores, e impulsionar o PIB a médio prazo”.

 

[1] A Avaliação de Risco País da Coface mede o nível médio de incumprimento de pagamentos apresentado pelas empresas de um determinado país, no âmbito das suas transacções comerciais de curto prazo. Esta classificação não contempla a dívida soberana. Para determinar a Avaliação do Risco País, a Coface combina as perspectivas económicas, financeiras e políticas do país, a experiência de pagamentos da Coface e a avaliação do ambiente de negócios. As avaliações de risco país e de ambiente de negócios são baseados numa escala com sete níveis: A1, A2, A3, A4, B, C, e D e podem ser colocadas sob vigilância.

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